INCENTIVO

IPA celebra 89 anos com dois projetos voltados para produtores rurais

Juntos, o Pernambuco Agroecológico e o Sertão Vivo somam investimentos da ordem de R$ 362 milhões em parcerias com institiuições como o Banco Mundial, o BNDES e o FIDA, da ONU

Trabalhador rural - Divulgação/IPA

No mês em que celebra seus 89 anos de atividades, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) anuncia dois projetos com quais os quais promete estimular ainda mais os produtores rurais do Estado: o Pernambuco Agroecológico e o Sertão Vivo.

Com o primeiro projeto, os produtores rurais serão incentivados por meio de assistência técnica e ferramentas sociais a produzirem de forma sustentável no campo. Já o Sertão Vivo, inclui, entre outras ações, a adoção de tecnologias de captação, armazenamento e reuso da água nos municípios do Semiárido. 

Sob a presidência da ex-secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca Ellen Viégas há quase seis meses, o IPA receberá para o Pernambuco Agroecológico investimentos da ordem de US$ 62 milhões, sendo US$ 50 milhões do Banco Mundial e US$ 12 milhões de contrapartida do Governo do Estado.

“Estaremos reunidos com o Banco Mundial de hoje (9) até o dia 12, para que a gente possa fechar o projeto”, adiantou Ellen Viégas. 

A ideia é beneficiar produtores com o viés agroecológico, de forma que isso gere renda a eles, e ao mesmo tempo favoreça o meio ambiente em todas as áreas beneficiadas. O projeto já vem sendo pensado junto com a missão do Banco Mundial há alguns meses. A reunião desta semana, aliás, é a quinta do IPA com a instituição financeira internacional, quando o negócio será fechado.  

Já o Sertão Vivo, que beneficia 75 mil famílias de pequenos produtores distribuídos em 55 municípios, já anunciado pela governadora Raquel Lyra em junho último, conta com investimentos de R$ 300 milhões em ações para reduzir o impacto da mudança climática na região do Semiárido. A ideia é também garantir a segurança alimentar e nutricional de homens e mulheres do campo.

Parceria
O Sertão Vivo é uma parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da Organização das Nações Unidas (ONU), com o Governo de Pernambuco e execução do IPA.

Além das ações de adoção de tecnologias de captação, armazenamento e reuso da água, o elenco de iniciativas do escopo do projeto inclui a diversificação da produção agrícola – com aumento da produtividade e restauração de biomas. A ideia é, também, aumentar a capacidade de resistir à seca e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

A prioridade são os municípios com maior incidência de pobreza rural, vulnerabilidade climática e exposição histórica à seca. Os beneficiários finais do Sertão Vivo serão, entre outros, agricultores assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais (quilombolas, ribeirinhos e povos originários).

Pernambuco tem 184 municípios, 137 deles (75% do território estadual) encontram-se no Semiárido. Quanto à geologia da região, 80% compõem o embasamento cristalino, geralmente formando solos rasos e água de subterrâneo salinizada (imprópria ao consumo humano e animal, e à irrigação). A população rural do Semiárido possui um modo de vida baseado na agricultura de subsistência e na pecuária extensiva. O Projeto Sertão Vivo chega, portanto, como um instrumento para minimizar os efeitos das adversas condições da região.

“Quanto ao Sertão Vivo, a gente está na expectativa, aguardando o cronograma definitivo por parte do FIDA e do BNDES, mas provavelmente até dezembro inicie a execução. Já o Pernambuco Agroecológico, a projeção de início da execução é o primeiro semestre de 2025”, adiantou a presidente do IPA.

Ao comentar a longevidade do Instituto e a importância dele para o produtor rural local, Ellen diz que não é todo estado brasileiro que tem o privilégio de contar com uma empresa pública com a qualidade e a robustez do IPA, que chega aos com 89 anos prestando serviços de extrema qualidade de pesquisa, extensão e assistência técnica à população. 

“A expectativa é de chegar aos 90 anos olhando para trás e vendo que esse novo ciclo está chegando com muita esperança, com melhorias na nossa prestação de assistência técnica, com muitos produtos, oriundos da nossa pesquisa e de todas as ferramentas que estiverem ao nosso alcance, estão sendo entregues, levando benefícios, qualidade de vida e dignidade aos produtores rurais. É isso que a gente está buscando todos os dias com nossa equipe”, destacou Ellen.

Certificação
Também no mês de celebração de aniversário do IPA, a Estação Experimental de São Bento do Una recebeu, pelo 15⁰ ano consecutivo, a certificação como propriedade livre de brucelose e  tuberculose, principais zoonoses que devem ser erradicadas nos rebanhos bovinos para preservar da saúde animal e humana.

A certificação faz parte do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), juntamente com as agências de defesa agropecuária estaduais. Atualmente, em Pernambuco, a certificação de propriedades é emitida pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro).

Os rebanhos oriundos de propriedades certificadas proporcionam confiabilidade para a difusão de material genético, garantindo aos pecuaristas que o adquirem uma maior segurança para a sanidade dos seus rebanhos.

“Nossa estação possui um trabalho de cerca de 70 anos voltado aos bovinos. A gente sempre busca que esses animais sejam livres de zoonoses. Isso quer dizer que eles, por meio desse certificado, são de excelente linhagem, completamente saudáveis e que a gente consegue trabalhar com sêmen de extrema qualidade para inseminar outros animais e conseguir perpetuar essa linhagem genética de alto rendimento”, detalhou Ellen.

A importância da central de sêmen da estação é que lá se consegue disseminar essa linhagem genética principalmente para os pequenos produtores, que não têm condições de arcar 100% com a parte de reprodução dos animais. Hoje, para que os animais sejam considerados de alta linhagem, tem que se trabalhar por meio de inseminação artificial, o que não é acessível ao pequeno produtor.