ONU considera "repugnante" a lei sobre "moral" no Afeganistão
O texto da nova lei, que regula aspectos da vida social e privada dos afegãos estabelece que as vozes das mulheres não devem ser ouvidas em público
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos declarou nesta segunda-feira (9) sua "repugnância" por uma lei recém-promulgada no Afeganistão que reduz ainda mais os direitos de toda a sociedade.
"Expresso claramente minha repugnância" por essa lei, afirmou Volker Türk em um debate sobre o Afeganistão no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
O anúncio, feito em 21 de agosto, da nova lei que regula aspectos da vida social e privada dos afegãos, de acordo com uma interpretação muito rigorosa da sharia (lei islâmica), causou grande preocupação entre muitos afegãos e defensores dos direitos humanos.
O texto estabelece que as vozes das mulheres não devem ser ouvidas em público e as obriga a cobrir completamente o corpo e o rosto se precisarem sair "por necessidade". A vida dos homens também será altamente controlada.
Türk disse que "esse controle repressivo sobre metade da população do país não tem equivalente no mundo hoje".
Desde o retorno dos talibãs ao poder em 2021, muitos elementos dessa lei já estavam em vigor no país, embora de maneira informal.
A ONU classificou as restrições às mulheres no Afeganistão como um "apartheid de gênero".