Ex-deputado Wladimir Costa é condenado a 12 anos por ataques a parlamentar do Pará
Crimes teriam sido cometidos contra a deputada federal Renilce Nicodemos (MDB)
O ex-deputado Wladimir Costa foi condenado pela Justiça eleitoral do Pará a 12 anos de prisão por violência política, violência política de gênero, perseguição política, violência psicológica contra mulher, extorsão, injúria e difamação majorada. Os crimes teriam sido cometidos contra a deputada federal l Renilce Nicodemos (MDB).
A defesa de Costa vai recorrer da decisão.
A mesma sanção determinou ainda que ele pague uma multa de um salário mínimo por dia durante 124 dias, o que totaliza R$ 175.088 por diversas penalidades.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Renilce começou a trabalhar com Wlad quando ele era parlamentar. Ainda segundo o texto, relação de amizade se desfez quando ela foi eleita, em 2018, e ele inelegível. O ex-deputado teria pedido que ela efetuasse pagamentos para ele.
Após denúncia de extorsão, a Polícia Federal abriu uma investigação. O relato da vítima é de que Wladimir Costa teria feito música, espalhou faixas pelas ruas de Belém e até contratou carro de som para proferir palavrões contra a deputada Renilce Nicodemos.
Ele também sugeriu, em vídeos na internet, que ela fosse apedrejada por seus seguidores.
O advogado Humberto Boulhosa, que defende o ex-deputado no caso, considerou a pena desproporcional e irá recorrer da decisão.
— Achei injusta. Trabalhamos e insistimos na absolvição, mas se fosse pra ser condenado, essa pena foi extremamente exasperada — afirmou
Homenagem
Costa ficou conhecido por fazer uma tatuagem falsa em homenagem a Temer no ombro. Acima do nome do presidente, aparecia uma bandeira do Brasil.
O deputado foi dos maiores apoiadores do ex-presidente na votação que suspendeu a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria Geral da República contra o emedebista.
Costa também se destacou durante as sessões de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, quando estourou um rojão de confetes durante seu discurso alegando que o governo do PT dava "um tiro de morte" no coração do povo brasileiro.
Em suas redes, Wladi, como é conhecido no meio político, se apresentava como empresário, cantor, compositor, radialista, apresentador de TV e ainda mantém o cargo de deputado federal.
Ele cumpriu quatro mandatos pelo estado do Pará, sendo o último deles de 2015 a 2019. Em 2018, ele foi escolhido como líder da bancada do Solidariedade na Câmara.
Wladimir Costa foi condenado em dezembro de 2017 por unanimidade no Tribunal Regional Eleitoral do Pará por abuso de poder econômico e gastos ilícitos na campanha eleitoral de 2014. A decisão determinou a cassação do mandato de Wladimir, além de torná-lo inelegível por oito anos.
O ex-deputado também chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal por peculato por suposto desvio de salários de funcionários de seu gabinete na Câmara. De acordo com o MPF, em 2005, três servidores repassavam ao deputado parte dos salários que recebiam.
O processo, que era investigado desde 2009, foi encerrado em 2018 após o Supremo Tribunal Federal (STF) absolver por unanimidade o ex-parlamentar. Para os ministros, não haviam provas da prática do crime. Na época, Wlaudecir Costa, irmão do deputado, também foi absolvido.
Wladimir Costa foi condenado por ofensas contra os artistas Wagner Moura, Letícia Sabatella, Sônia Braga, Glóra Pires e o marido dela, Orlando de Morais, em janeiro de 2023.
As ofensas ocorreram em julho de 2017. Wlad, que era filiado ao partido Solidariedade, mencionou os artistas ao fazer referência ao movimento '342 Agora', que tinha integrantes da classe artística que pediam aos parlamentares que fossem a favor da aceitação da denúncia de corrupção feita pela PGR contra o então presidente Michel Temer.
Na época, Wlad disse que os artistas eram "vagabundos" pelo uso dos fundos da lei Rouanet. No discurso, falou que Wagner Moura era um "ladrão" e trocou o nome de Letícia Sabatella por "Letícia Mortadela". Em uma rede social, Wlad se manifestou sobre a condenação: "Não retiro nenhuma vírgula do que falei".