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Julgamento por estupros na França será "adiado" se o réu principal continuar doente

Pelicot é acusado de administrar remédios secretamente à esposa para que dezenas de estranhos a estuprassem entre 2011 e 2020

Gisele Pelicot (C), deixa o tribunal com seu filho David Pelicot (D) após uma sessão do julgamento do ex-parceiro Dominique Pelicot - Christophe Simon / AFP

O julgamento contra 51 homens por estuprar uma mulher drogada pelo marido durante dez anos na França será "adiado", caso o principal réu "continue indisponível", anunciou nesta quinta-feira (12) o presidente do tribunal.

O juiz Roger Arata, que suspendeu o julgamento até segunda-feira, levantou a possibilidade de adiar para uma nova data este processo de grande repercussão que começou em 2 de setembro e deve terminar em 20 de dezembro.

O principal acusado, Dominique Pelicot, de 71 anos, não compareceu às audiências no Tribunal de Avignon, no sul de França, desde segunda-feira, apesar de seu esperado interrogatório estar marcado para começar na tarde de terça-feira.

Um médico o examinou e "confirmou a necessidade de uma licença nesta quinta-feira e amanhã, sexta-feira, para receber tratamento, com possível internação, e possível alta na segunda-feira", disse Arata na manhã desta quinta-feira.

Se Pelicot, que sofre de uma infecção, voltar ao tribunal na segunda-feira, serão colocados como "prioridade" o seu interrogatório e o novo depoimento da sua principal vítima, sua agora ex-esposa Gisèle Pelicot, informou o magistrado.

Pelicot é acusado de administrar remédios secretamente à esposa para que dezenas de estranhos a estuprassem entre 2011 e 2020.

Junto com ele, outros 50 homens, entre 26 e 74 anos, podem enfrentar penas de até 20 anos de prisão.

Este julgamento tornou-se um símbolo do uso de drogas para cometer agressões sexuais (submissão química) e mobilizou movimentos feministas a relançar o debate sobre o consentimento na França.