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Premiê da Espanha recebe opositor venezuelano González Urrutia em momento de tensão

"Dou calorosas boas-vindas ao nosso país a Edmundo González Urrutia", escreveu Pedro Sánchez na rede social X

O primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez (D) se encontra com o candidato da oposição venezuelana Edmundo Gonzalez Urrutia no Palácio de La Moncloa em Madri - Fernando Calvo / La Moncloa / AFP

O primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, recebeu nesta quinta-feira (12) o candidato opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que chegou a Madri no domingo para pedir asilo político, em um momento de grande tensão na relação entre os dois países.

Em outra frente internacional para o governo de Nicolás Maduro, Washington anunciou a imposição de sanções contra 16 funcionários venezuelanos, incluindo o presidente da Suprema Corte, por "fraude eleitoral".

"Dou calorosas boas-vindas ao nosso país a Edmundo González Urrutia", escreveu Pedro Sánchez na rede social X, ao lado de um vídeo que mostra os dois ao lado da filha do opositor venezuelano caminhando pelos jardins do Palácio da Moncloa, em Madri, sede do governo espanhol.

"A Espanha continua trabalhando a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela", acrescentou Sánchez, que recebeu González Urrutia cinco dias depois de este último desembarcar na capital espanhola em um voo da Força Aérea Espanhola, depois de passar um mês escondido.

O premiê espanhol, cujo governo, seguindo a mesma posição da União Europeia, exige a divulgação das atas de votação das eleições venezuelanas, mas sem reconhecer a vitória de González Urrutia, havia anunciado o desejo de receber o candidato da oposição após seu retorno de uma viagem à China, o que aconteceu na madrugada desta quinta-feira.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, foi proclamado reeleito para um terceiro mandato de seis anos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após as eleições de 28 de julho, entre denúncias de fraude da oposição, que afirma que González Urrutia venceu a eleição.

"Saiam todos!" 
O encontro aconteceu um dia após o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, propor o rompimento das relações diplomáticas, consulares e comerciais com o país europeu.

"Que saiam todos os representantes da delegação do governo do Reino da Espanha e todos os consulados e todos os cônsules, e que tiremos os nossos de lá!", clamou Rodríguez, que pediu à Comissão de Política Externa do Legislativo que aprove uma resolução, que depois deverá ser ratificada no plenário da Câmara.

Rodríguez reagiu assim a uma proposta aprovada na quarta-feira pelo Congresso espanhol, a pedido da oposição de direita, para solicitar ao governo de Sánchez que reconheça a vitória de González Urrutia na eleição de 28 de julho.

A proposta não é vinculante e não obriga o Executivo espanhol a seguir a medida.

Em uma nova mensagem, González Urrutia agradeceu a votação no Congresso e "todas as forças políticas espanholas que lutam ativamente" por seu reconhecimento.

O governo da Espanha calcula que quase 280 mil venezuelanos vivam no país, incluindo vários líderes da oposição. O número não inclui aqueles que adquiriram a nacionalidade espanhola.

Diante da possibilidade de ruptura das relações, a porta-voz do governo espanhol, Pilar Alegría, afirmou nesta quinta-feira à imprensa que o país tem "interesse em trabalhar para manter as melhores relações com o povo venezuelano".

Para o analista venezuelano Mariano de Alba, assessor em relações internacionais e diplomacia, se a ruptura se concretizasse, "confirmaria que o governo Maduro está disposto a se isolar do Ocidente para permanecer no poder", explicou à AFP.

Sanções dos EUA por "fraude eleitoral" 
Entre os 16 funcionários sancionados por Washington estão líderes da autoridade eleitoral, a presidente da Suprema Corte, Caryslia Rodríguez, membros da "assembleia nacional afiliada a Maduro", militares e membros dos serviços de inteligência.

Estes funcionários "impediram um processo eleitoral transparente e a publicação de resultados eleitorais precisos", afirma o governo dos Estados Unidos, que exige detalhes das atas de 28 de julho.

O governo do presidente Joe Biden intervém em resposta à "fraude eleitoral" para que o presidente Nicolás Maduro e seus representantes sejam responsabilizados "pela obstrução das eleições presidenciais" e pelo "abuso dos direitos humanos", informou o chefe da diplomacia, Antony Blinken.