MÚSICA

Odair José: "Brega significa mau gosto, e meu estilo é o Odair José, compositor popular"

Cantor e compositor Odair José é atração desta sexta-feira (13), no Projeto Seis e Meia, no Teatro do Parque

Odair José faz show no Recife nesta sexta-feira (13), no Teatro do Parque - Bernardo Guerreiro

O começo da conversa (por telefone, com Odair José), veio com uma explicação: "Brega em dicionário significa mau gosto (...) e meu estilo é o Odair José, compositor popular. Vai ser difícil me botar numa caixa".

À essa altura, mais de cinco décadas de carreira depois, aos 76 anos e com um recém 39º disco lançado ("Seres Humanos: e a inteligência artificial"), não há o que "discutir" com um dos símbolos mais potentes (e rebeldes) da Música Popular Brasileira, dono do clássico "Vou Tirar Você Desse Lugar" - "hino" que levou às lágrimas Waldick Soriano e foi chamado de obra-prima por Dorival Caymmi.

"Eu tinha 22 anos, Waldick me disse que eu havia feito a música da vida dele e Caymmi queria conhecer quem cantava aquela letra, que dizia o que nem ele nem ninguém tinha coragem de falar. Aí pensei: tenho que continuar fazendo isso mesmo, música", contou Odair, na sequência de um bate-papo com a Folha de Pernambuco, sobre assuntos diversos, inclusive sobre o show que faz logo mais à noite no Teatro do Parque, dentro do Projeto Seis e Meia.

 



No palco, além das novidades do álbum em que declara o ser humano em estado de involução, ele passeia por uma trajetória de sucessos iniciados na década de 1970 ("Cadê Você", "A Noite Mais Linda do Mundo" e, claro, "Vou Tirar Você Desse Lugar"), entre outras que seguem fazendo coro por onde passa.



Odair e a Inteligência Artificial
"Eu fico bem feliz com jovens que descobrem o meu trabalho", gaba-se, mas sem tom de vaidade, o artista nascido em Goiás e aclamado em um País que nem sempre esteve a seu favor e ao invés de aplausos lhe impôs a censura.

"Eu paguei um preço alto por fazer música conceitual, que eu sabia que as pessoas iam se identificar com elas", conta Odair, revolucionário no fazer artístico quando cantou sobre sexo, amor e prostituição, entre outras temáticas indigestas a uma elite cultural que o qualificava, entre outras coisas, como cafona.

Observador, e faz tempo, do ser humano, Odair rendeu-se em sua última empreitada musical ao caminho sem volta (?) da tecnologia, com o uso da Inteligência Artificial

"Eu gosto de escrever minhas músicas, gosto de compor, mas eu diria que o futuro da humanidade está na Inteligência Artificial", justifica ele, que se utilizou de recursos de IA para vozes e timbres em faixas, além de outros recursos, para o novo disco.

"E não adianta dar chilique, não adianta ignorar, podemos usá-la de forma ética, até que para que ela, a IA, não nos engula e nos deixe para trás. E a tecnologia não tira do artista a sua essência".

Pelo menos a natureza (humana) de Odair José segue, de fato, intacta. Desde a faixa homônima ao título do álbum, "Seres Humanos", quando discorre que nós somos o que fazemos, o que mais amamos, o que escondemos, e somos também o que mais odiamos.

Crédito: Reprodução/Instagram

Tal qual "DNA", uma das que serão levadas ao público do Parque, logo mais. "Acho que ela reflete aquilo que eu estou querendo passar para as pessoas no momento", explica Odair, sobre letra que afirma verdades do tipo "estamos caindo no abismo da involução".

A abertura da noite no Seis e Meia fica a cargo da Banda Corações Selvagens - projeto idealizado pelo artista pernambucano Juvenil Silva. Odair José vem a seguir, em vida e obra que se confundem em repertório que descreve a ele mesmo, como artista e ser humano, e é direcionado - como sempre foi - ao seu público.

Serviço
Odair José no Projeto Seis e Meia

Abertura com a Banda Corações Selvagens
Quando: nesta sexta-feira (13), a partir das 18h30
Onde: Teatro do Parque - Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Ingressos a partir de R$ 60 via Sympla e loja Vagamundo (Shopping Boa Vista)
Informações: (81) 9 9488-6833