Na presença de Lula, indígenas polemizam retorno de manto sagrado em cerimônia no Museu Nacional
Além do presidente, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, estava no evento
“Senhor presidente, devolva as nossas terras”, cantaram, nesta quinta-feira (12), integrantes do povo tupinambá presentes na cerimônia oficial de retorno do manto sagrado, que será abrigado e exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Os indígenas baianos reivindicaram esta e outras pautas na plateia do evento com a presença do presidente Lula, da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e de outros representantes do governo federal, estadual e municipal na Quinta da Boa Vista, zona norte da cidade.
Em julho deste ano, quando o manto chegou ao Brasil, houve uma tensão institucional após os tupinambás de Olivença reclamarem que o manto chegou ao museu sem que fosse recebido por seu povo original. Culturalmente, para os tupinambás de Olivença, na Bahia, ele é como um ancião vivo, e não apenas um objeto sagrado, e é capaz de conectá-los com seus ancestrais.
— Nosso patrimônio não está sendo tratado com o devido respeito. Dizemos “basta”, somos herdeiros verdadeiros do manto sagrado. Ele é o primeiro símbolo de força e união de um povo que habita esse território desde tempos imemoriais. Ele nos foi roubado — disse Yakuy Tupinambá.
Existente há mais de 400 anos, o manto estava no Museu da Dinamarca e será guardado em uma sala da Biblioteca Central do Museu Nacional e, futuramente, exposto.
— Hoje é um dia em que o Brasil conhece o manto tupinambá, que foi a Amotara Nivalda, em 2000, reconheceu na mostra dos 500 anos. Desse dia para cá, ela fez tudo para o manto ficar no Brasil. Depois, ele voltou para a Dinamarca. Ela hoje é memória. E foi o levante do povo tupinambá — disse Japomoty, que mencionou também a dificuldade na demarcação de território indígena: — É tudo difícil. Não sei por quê.
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Artefato raro e sagrado para o Povo Tupinambá, o manto retornou do Museu Nacional da Dinamarca para o Museu Nacional, no dia 11 de julho, mais de três séculos após o artefato ter sido retirado do país.
Também estiveram presentes no evento o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, o secretário municipal de cultura do Rio, Marcelo Callero, a deputada federal Jandira Feghali, a embaixadora da Dinamarca Eva Pedersen, e caciques e cacicas Tupinambás. Alexandre Kellner, diretor do Museu Nacional, não foi ao evento.