Harris e Trump retornam à campanha em estados-chave após debate intenso
Após a intensidade em torno do debate, ambas as campanhas escolheram continuar o giro em estados indecisos
Kamala Harris e Donald Trump retornaram nesta quinta-feira (12) aos estados mais disputados dos Estados Unidos, onde será decidido o resultado das eleições, com a democrata esperando aproveitar o impulso da elogiada atuação em seu primeiro debate presidencial e o republicano sem intenção de repetir o duelo.
Em um comício na Carolina do Norte, a vice-presidente afirmou que "os Estados Unidos estão prontos para um novo caminho" e "uma nova geração de líderes".
A democrata voltou a acusar o ex-presidente republicano de estar por trás das "imorais" restrições ao direito ao aborto ao nomear juízes conservadores para a Suprema Corte, que revogou as proteções federais ao acesso ao aborto em 2022.
Em um estado onde, segundo os cálculos dos democratas, ela tem o apoio de afro-americanos e jovens, Kamala aproveitou a oportunidade para dizer que "os eleitores merecem um segundo debate".
Um pouco antes, Trump havia anunciado que descartava um novo duelo, embora desse como certo que venceu o primeiro, que contou com uma audiência de 67 milhões de americanos.
A campanha de Kamala afirmou que a candidata, de 59 anos, entra agora em uma fase "mais agressiva" em sua corrida pela Casa Branca, "buscando capitalizar sua vitória decisiva no debate e aproveitar o impulso".
O debate da ABC News, realizado na Filadélfia, foi um impulso bem-vindo para Kamala, já que o entusiasmo inicial que a ajudou a apagar a vantagem de Trump nas pesquisas parecia estar se estabilizando.
"A ameaça mais grave"
Em uma reunião realizada nesta quinta-feira no Arizona (sudoeste), estado fronteiriço com o México, Trump continuou repetindo a notícia falsa e racista de que em Springfield, uma pequena cidade de Ohio, os imigrantes haitianos estavam roubando animais de estimação para comê-los.
"Era uma comunidade magnífica, é horrível o que aconteceu", disse ele à multidão, acrescentando, sem provas, que imigrantes atacaram "gansos" ou que "estupraram jovens americanas".
O candidato republicano promete, se for eleito, lutar contra a imigração ilegal com deportações em massa. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que essas teorias da conspiração "imundas" colocam "vidas em perigo", enquanto a prefeitura de Springfield teve que ser evacuada na quinta-feira após uma ameaça de bomba.
Também nesta quinta-feira, em um evento em Tucson, Arizona, Trump intensificou as críticas aos jornalistas da ABC que moderaram seu debate com Kamala, alegando que eles eram tendenciosos a favor da democrata.
"Os dois piores apresentadores que alguém já viu", disse ele sobre David Muir e Linsey Davis.
Após a intensidade em torno do debate, ambas as campanhas escolheram continuar o giro em estados indecisos, o que reflete a necessidade de conquistar grupos-chave de eleitores.
O retorno a esses estados - no coração das eleições - ocorre um dia após a breve trégua entre Trump e Kamala para comparecerem à cerimônia de comemoração de mais um aniversário dos ataques de 11 de setembro em Nova York.
Na quinta-feira, a candidata ainda colhia os frutos do debate: outro republicano, Alberto Gonzales, que foi procurador-geral durante a presidência de George W. Bush, ofereceu seu apoio.
Gonzales escreveu no Politico que Trump é "talvez a ameaça mais grave ao Estado de Direito em uma geração", citando seu encorajamento aos distúrbios de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, em meio a uma tentativa sem precedentes de contestar a vitória eleitoral de Biden.
Próximos passos
Ambos os candidatos continuarão percorrendo os locais mais determinantes nos próximos dias.
Kamala retornará à crucial Pensilvânia na sexta-feira para eventos de campanha em Johnstown e Wilkes-Barre, antes de participar de um jantar de premiação no sábado com seu marido, Doug Emhoff.
Na sexta-feira, Trump fará um discurso em Las Vegas sobre o custo de vida em Nevada, outro estado-chave.
O companheiro de chapa de Kamala, Tim Walz, viajará a Michigan e Wisconsin de quinta a sábado como parte de um giro de campanha pelos estados indecisos.