Ucrânia anuncia libertação de 49 pessoas em troca de prisioneiros de guerra com a Rússia
Acordo feito com mediação dos Emirados Árabes Unidos garantiu a liberdade de civis, membros das Forças Armadas, da Guarda Nacional, da polícia e do serviço de guarda de fronteiras, além do Batalhão Azov
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta sexta-feira que seu país garantiu a libertação de 49 cidadãos ucranianos que estavam detidos na Rússia. A mais recente troca de prisioneiros com Moscou foi feita após um acordo mediado pelos Emirados Árabes Unidos, segundo um porta-voz da Inteligência ucraniana, que não divulgou quantos russos foram libertados. A Rússia ainda não comentou o assunto.
“Mais um retorno do nosso povo, algo que sempre esperamos e pelo qual trabalhamos incansavelmente”, escreveu Zelensky no Telegram. “Agradeço a toda a nossa equipe, que garante a libertação de prisioneiros e reféns do cativeiro russo. Todos os nossos guerreiros que capturaram os oponentes russos e todos os serviços que neutralizam sabotadores e colaboradores russos aproximam a libertação do nosso povo. Devemos trazer de volta todos os nossos, tanto militares quanto civis”, escreveu.
O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, afirmou que entre os ucranianos libertados estavam sete civis, além de membros das Forças Armadas, da Guarda Nacional, da polícia e do serviço de guarda de fronteiras, além do Batalhão Azov. O mandatário ucraniano disse que Leniie Umerova, “uma jovem que foi feita refém pelos russos quando foi cuidar do pai doente”, estava entre o grupo dos prisioneiros, além do médico militar Viktor Ivchuk, descrito pelo presidente como “herói da Ucrânia”. Eles foram recebidos com flores, abraços e panfletos.
Esta foi a 56ª troca do tipo com a Rússia, publicou a SkyNews. Em julho, a Rússia anunciou a troca de 190 prisioneiros de guerra com a Ucrânia, também após acordo intermediado pelos Emirados Árabes Unidos. Segundo os termos discutidos publicamente, cada lado envolvido no conflito aceitou libertar 95 prisioneiros capturados na guerra. No início de junho, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o país mantinha 6.465 prisioneiros de guerra ucranianos. Em Kiev, autoridades confirmaram um total de 1.348 russos detidos.
'Plano de vitória'
Também nesta sexta-feira, Zelensky disse que se reunirá ainda neste mês com seu homólogo americano, Joe Biden, para apresentar um “plano de vitória” contra a Rússia, algo que ele explicou ser “um conjunto de soluções interligadas que darão à Ucrânia poder e elementos suficientes para conduzir esta guerra rumo à paz”. A declaração foi feita num momento em que Kiev tem enfrentado dificuldades diante da ofensiva das forças russas no leste ucraniano, e enquanto a Ucrânia pede permissão de seus aliados ocidentais para atacar alvos em solo russo.
A Ucrânia, confrontada desde fevereiro de 2022 com uma invasão russa, pede a flexibilização das restrições de uso dos mísseis britânicos Storm Shadow e dos americanos ATACMS, com alcances de centenas de quilômetros, que lhe permitiriam atingir centros logísticos e aeródromos de onde decolam os bombardeiros russos. Na quarta-feira, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, disse que discutiria “com urgência” essas solicitações e indicou que a questão será abordada nesta sexta por Biden e o premier britânico, Keir Starmer.
Em maio, a administração Biden deu permissão à Ucrânia para usar armas dos EUA em ataques transfronteiriços mais curtos contra locais russos usados em uma ofensiva contra a cidade ucraniana de Kharkiv. Desde então, autoridades americanas permitiram que o Exército ucraniano realizasse esse tipo de ataque mais curto em outros locais ao longo da fronteira. À Sky News, Blinken disse na terça-feira que a Casa Branca leva em conta fatores complexos ao tomar essas decisões, mas que a possibilidade de dar mais liberdade à Ucrânia está aberta.
— Adaptamos e ajustamos cada passo ao longo do caminho, e continuaremos [fazendo isso], então não descartamos isso neste momento — disse ele, acrescentando que Washington está comprometido a fornecer à Ucrânia “o que ela precisar e quando precisar” para enfrentar de maneira mais eficaz a Rússia.
Na quinta-feira, porém, Putin advertiu que autorizar a Ucrânia a usar armamento ocidental de longo alcance contra alvos em território russo significaria que a Otan, a aliança militar ocidental, está “em guerra com a Rússia”. Em declaração a um jornalista da televisão estatal, o mandatário russo afirmou que essa decisão “ mudaria significativamente a natureza do conflito”, e que Moscou tomaria as “decisões apropriadas com base nas ameaças” enfrentadas.
Como resposta, Zelensky acusou o Ocidente nesta sexta-feira de estar “com medo” de até mesmo levantar a possibilidade de derrubar mísseis e drones russos que estão atacando a Ucrânia, apesar de estar ajudando Israel a fazer o mesmo. Em uma conferência em Kiev, o líder ucraniano questionou o motivo de seus aliados estarem unidos para defender o Estado judeu e não fazerem o mesmo “nos céus da Ucrânia”. Em novembro, Zelensky reclamou que o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza tirou o foco da guerra na Ucrânia.