"Ditaduras são inúteis e acabam mal mais cedo ou mais tarde", diz Papa Francisco sobre Venezuela
Sem citar diretamente regime de Maduro, Pontífice pediu por um 'caminho de paz' no país
No voo de volta ao Vaticano depois de um tour pelo Sudeste Asiático e pela Oceania, Papa Francisco conversou com jornalistas sobre diferentes assuntos da política internacional, entre eles a crise na Venezuela após a contestada reeleição do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos.
Questionado sobre qual mensagem mandaria aos venezuelanos no atual momento, o Pontífice de 88 anos respondeu, sem mencionar diretamente o regime de Maduro, que “as ditaduras são inúteis e acabam mal mais cedo ou mais tarde, observando a História”.
Francisco admitiu que não acompanhou os últimos acontecimentos no país, como o exílio forçado do ex-candidato da oposição Edmundo González Urrutia para a Espanha, mas enviou uma mensagem de paz:
— Não acompanhei a situação na Venezuela, mas a mensagem que darei aos que estão no poder é de diálogo e paz — disse ele. — [Espero que] o governo e o povo façam tudo o que puderem para encontrar um caminho para a paz na Venezuela.
Desde as eleições de 28 de julho, nas quais a oposição alegou que González Urrutia — reconhecido como presidente eleito por vários países, inclusive a Argentina — venceu por uma ampla margem, os bispos venezuelanos vêm pedindo a verificação do processo eleitoral por meio da divulgação das atas eleitorais e o respeito à vontade popular expressa nas urnas.
— Não posso dar uma opinião política porque não conheço os detalhes, mas sei que os bispos falaram e a mensagem dos bispos deve ser melhor — acrescentou o Pontífice.
A conferência episcopal venezuelana também pediu que se evite “qualquer manifestação de violência, venha ela de onde vier” e qualquer “possível abuso” por parte dos órgãos estatais, após as prisões em massa de opositores políticos.
As rusgas do ditador com a Igreja também alcançam o anúncio da antecipação do Natal no país, que foi alvo de críticas por parte da autoridade católica venezuelana.
"Para nos prepararmos para o Natal, a liturgia oferece-nos o tempo do Advento, que este ano começa no dia 1º de dezembro. Estas celebrações são acompanhadas pelas tradicionais festas de Natal e missas de Natal. O Natal é uma celebração universal. A forma e o momento da sua celebração são da responsabilidade da autoridade eclesiástica. Este feriado não deve ser usado para propaganda ou fins políticos específicos", disse a Conferência episcopal da Venezuela em publicação nas redes.