RIO DE JANEIRO

Ludmilla leva, finalmente, seu show ao Rock in Rio com muito coração e um pouco de safadeza

Cantora levou romantismo, pagode e funk ao palco principal neste primeiro dia do festival

Ludmilla - Instagram/reprodução

Depois de uma polêmica em que chegou a ameaçar não subir ao palco (menos, né?), Ludmilla enfim iniciou sua apresentação no Palco Mundo às 19h09.

Logo nas primeiras músicas, como “Rainha da favela”, uma falha fez o som desaparecer por um segundo, o que gerou rápidos olhares entre os artistas sobre o palco. Assim como Matuê, ela apostou em uma banda, que deu uma maior pressão sonora ao show (sem impedir o uso de tracks pré-gravadas, é claro).

— Finalmente, Ludmilla no Palco Mundo! — disse ela, falando de si mesma na terceira pessoa. — Vamos aproveitar como se não houvesse amanhã.

À frente de uma trupe completa, com dançarinas, músicos, DJ, MC e cantores de apoio, Ludmilla manteve o palco em chamas (literais e metafóricas) com músicas como “Onda diferente”, “Verdinha” e “Sou má”, com direito a dança sexual com uma das bailarinas.

— No ritmo do crime, Rock in Rio!

Apesar de toda a competência, o show ultraensaiado e o repertório romântico tiraram uma boa fatia da espontaneidade e do punch da cantora, que foi mais para o lado pagode do que para o funk, e fez o público balançar os ombrinhos mais do que cantar com fúria. Não ajudou o MC gritando “Faz barulho para a Ludmilla”, numa autopromoção algo constrangedora.

— Vocês sabem que a mãe joga nas onze, né? — disse Lud, muito lisonjeada consigo mesma. — Chegou a hora de transformar o Rock in Rio num grande “Numanice”.

Ou seja, foi assumido o pagode, que agitou mais o público do que o momento (mais) romântico anterior. Um alarme depois do momento pagode deu a impressão de trazer o funk de volta para a reta final do show, aberto por um show dos bailarinos. “Deixa de onda” (do refrão “Amava porra nenhuma”, cantado em altos brados), de Dennis, surgiu em versão pagofunk. Mais um alarme, mas uma interrupção (faltou fluência), e “Bom” seguiu no tom pop do show.

— A partir de agora vai virar baile de favela!

Finalmente, veio o funk, nos acréscimos do segundo tempo.

— Vai começar a putaria!

Tava na hora, né? Apesar de sofrer com a segmentação exagerada e com muito coração e pouca safadeza, Ludmilla mostrou que, com ajustes e mais suor, pode galgar ainda mais degraus no panteão do pop brasileiro.