CIÊNCIA

Cientistas propõem fertilizar oceanos com ferro para combater crise climática; entenda

A ideia é que o ferro pode remover grandes volumes de dióxido de carbono da atmosfera

Pequenas quantidades de ferro podem promover grandes impactos no ecossistema marinho, segundo pesquisadores - Pexels

A fertilização dos oceanos com ferro está emergindo como uma possível estratégia para mitigar os efeitos da crise climática na terra. Pesquisas mostram que o fitoplâncton precisa de pequenas quantidades de ferro para promover grandes impactos no ecossistema marinho.

Isso acontece porque esses pequenos organismos fazem fotossíntese nos oceanos, através da captura de carbono (CO2), o que resulta na liberação de mais oxigênio na atmosfera. O estudo, realizado por 17 pesquisadores de diferentes universidades e instituições do Japão, China, Estados Unidos, Canadá e Coreia do Sul, foi publicado na revista Frontiers in Climate, no último dia 8. 

A ideia principal da chamada Exploring Ocean Iron Solutions (ExOIS – Explorando Soluções com Ferro para o Oceano, em português) é que pequenas quantidades deste elemento podem remover grandes volumes de dióxido de carbono da atmosfera.

No entanto, para que a técnica funcione, o carbono capturado precisaria afundar nas profundezas do oceano, onde ficaria retido por séculos, retardando o aquecimento global enquanto a sociedade faz a transição para fontes de energia sustentáveis.

Um dos maiores desafios é prever o tempo de permanência do ferro dissolvido nas águas oceânicas, pois o equilíbrio entre as fontes e sumidouros de ferro é instável, tornando-o um dos nutrientes mais efêmeros no oceano.

As principais fontes de ferro incluem a deposição atmosférica, sedimentos marinhos e o derretimento de gelo, mas a complexidade dessas interações dificulta a criação de modelos precisos.

Exemplos passados
De acordo com os pesquisadores, um exemplo prático disso foi observado após a erupção do vulcão Kasatochi, em 2008, nas Ilhas Aleutas, que lançou cinzas ricas em ferro no oceano, provocando uma proliferação de algas que absorveu cerca de 10 milhões de toneladas de carbono da camada superficial.

Outros registros sugerem uma relação entre poeira rica em ferro e mudanças climáticas em eras passadas. Em períodos onde grandes quantidades de poeira foram depositadas nos oceanos, houve um resfriamento global, com a remoção de aproximadamente 60 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera.

Esses dados indicam que o ferro pode ter desempenhado um papel importante na formação das eras glaciais.