BRASIL

Saúde anuncia 9 milhões de doses de vacina contra dengue e Nísia avalia expansão de oferta

Imunizante, no entanto, não será principal estratégia do governo contra a doença, que foca no combate ao mosquito

Nísia Trindade - Matheus Damascena/Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde terá 9 milhões de doses de vacina contra a dengue para públicos específicos que podem receber a imunização. No lançamento da campanha de imunização no Palácio do Planalto, a ministra Nísia Trindade afirmou que deve rever os critérios da vacinação e que, por sua vontade, ampliaria o número de municípios que receberia as doses.

— Nós vamos fazer, sim, essa revisão, em princípio, vou colocar minha posição, mas quem faz isso são os nossos técnicos e também na pactuação tripartite, mas a minha posição, nesse momento, que mais importante que ampliar a faixa etária é nós estendermos para mais municípios. Essa é a minha visão. Se tivéssemos possibilidade de aplicar a vacinação na população idosa, seria diferente, como essa possibilidade não existe, estamos trabalhando com a faixa etária que é recomendada pela Organização Mundial da Saúde — disse Nísia Trindade em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

A decisão sobre uma provável mudança nos critérios de imunização, no entanto, será tomada a partir de dados do InfoDengue e em conversas com estados e municípios. Neste momento, a campanha na rede pública é direcionada a jovens de 10 a 14 anos de 1.920 municípios selecionados por critérios como alta prevalência e disseminação de dengue, mas a dose foi aprovada para uso no Brasil por todos de 4 a 60 anos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a faixa etária de 10 a 14 anos foi a menos exposta aos casos de dengue e que há maior tendência de hospitalização nessa faixa etária. A pasta ainda irá anunciar o cronograma de vacinação no período de 2024-2025. A Anvisa não autorizou a aplicação em grupos acima dos 60 anos.

No ano passado, o governo ofertou na rede pública 4 milhões de doses. A vacina contratada pelo governo brasileiro é a Takeda, chamada Qdenga, que começou a ser ofertada em clínicas privadas e farmácias do país em julho do ano passado, quatro meses depois de ter recebido o sinal verde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A vacinação, no entanto, não será a principal estratégia do Ministério da Saúde contra a doença. O plano de ação de combate à dengue lançado nesta quarta-feira é focado em seis eixos: prevenção, vigilância, controle de focos do mosquito, organização da rede de assistencial de saúde, preparação e respostas às emergências e comunicação e participação comunitária.

Em 2024, os casos da doença provocaram uma crise no ministério e chegaram ao pico entre janeiro e abril. A vacinação não será a principal estratégia para conter o avanço da doença em 2025,

Na fala que abriu o evento no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "se Deus ajudar" esse será o verão com menos casos de dengue da história.

— Se Deus ajudar, a gente quer ter o verão com menos dengue na história desse país. Todo verão nós somos vitimados pelo crescimento da dengue e de outras doenças. E, dessa vez, com a questão climática evoluindo para que o planeta fique mais aquecido, resolvemos antecipar o lançamento da nossa campanha — disse o presidente.

Lula afirmou que é preciso preparar a sociedade brasileira a evitar a proliferação dos mosquitos e ressaltou a importância do trabalho dos agentes de saúde para a vigilância de focos do Aedes Eegypti:

— Precisamos preparar a sociedade brasileira. Porque os mosquitos estão nas casas de cada um de nós. Não só das pessoas pobres, estão na casa de pessoas que têm poder aquisitivo maior — afirmou Lula — É importante que nossos agentes de saúde, e as nossas agentes, estejam compromissados a todo santo dia visitar uma rua, se for o caso utilizar megafone para chamar atenção das pessoas, porque a gente tem que provar pra gente mesmo que a gente pode vencer a dengue — disse.