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Necessidade de criação de uma IA brasileira: qual o papel das startups?

Recentemente, durante uma cerimônia, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a necessidade do Brasil desenvolver uma ferramenta de Inteligência Artificial própria e expressou sua frustração com a dependência do país em relação a tecnologias estrangeiras, como as dos Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul.

Em tom de cobrança, ele desafiou as universidades a se envolverem ativamente na criação de uma IA nacional e afirmou que, se surgisse uma proposta, teria a coragem de estabelecer uma política brasileira para a Inteligência Artificial. No entanto, além das instituições acadêmicas, vejo um outro ator importante nesse processo: as startups!

Enquanto as universidades são peças-chave para a pesquisa e o desenvolvimento acadêmico dessas inovações, as startups têm o potencial de transformar a teoria em prática, disponibilizando novas soluções às necessidades do mercado e da população.

Incontáveis startups brasileiras já utilizam a inteligência artificial em seus produtos e serviços. Essas empresas, que muitas vezes começam pequenas e com recursos limitados, destacam-se pela capacidade de adaptar e aplicar tecnologias inovadoras às necessidades do mercado, atuando em áreas como educação, saúde, engenharia e finanças, entre outras tantas.

A flexibilidade e agilidade permitem que elas ajustem suas soluções para enfrentar os desafios do contexto nacional, que estão em constante mudanças, e aproveitem as oportunidades para oferecer soluções de alto impacto.

Assim como o Presidente, eu também entendo que a criação de uma IA nacional é uma necessidade, pois a dependência das tecnologias estrangeiras pode limitar o desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas que se apliquem às necessidades específicas do contexto e mercado brasileiro. Mas vejo que o desafio vai além do desenvolvimento da Inteligência Artificial nas universidades.

É preciso também apoiar as startups com políticas públicas que incentivem a inovação, oferecendo financiamento e ambientes propícios para a criação e o aperfeiçoamento delas. Além disso, é fundamental que haja colaboração entre os diferentes atores: Governo, universidades e setor privado.

Por fim, fica o questionamento: será que vamos continuar copiando e dependendo dos avanços relacionados a IA de outros países ou teremos apoio e vamos aproveitar o potencial também das diversas startups que temos por aqui para criar uma IA brasileira? Se queremos uma IA brasileira, não podemos deixar de investir e apoiar quem de fato faz a engrenagem girar. 


* Mestre em IA e Machine Learning for Data Science pela Université Paris Cité.

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