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Titan: novo vídeo mostra cabine de submersível completamente destruída por implosão no fundo do mar

Depoimentos na sessão revelaram que a companhia havia demitido um diretor de engenharia que se recusou a aprovar uma expedição

Cabine do Titan completamente destruída - Guarda Costeira dos EUA

A Guarda Costeira dos Estados Unidos divulgou nesta quarta-feira novas imagens que mostram, pela primeira vez, o estado da cabine do submersível Titan, que implodiu em uma viagem até os destroços do Titanic, no ano passado, deixando cinco mortos. As imagens revelam o tamanho da destruição e da força da implosão, que não deixou chance de sobrevivência aos tripulantes.

O vídeo, gravado por um veículo não tripulado das equipes de busca, foi revelado no contexto das audiências da Guarda Costeira para complementar um inquérito do órgão americano sobre a implosão, que ainda não foi concluído. As audiências sobre o caso serão retomadas nesta quinta (19) e vão até o final da próxima semana.

 

A empresa que operava o submersível Titan enfrentou problemas com equipamentos nos anos anteriores. Segundo depoimentos em uma audiência da Guarda Costeira, na segunda-feira, a companhia havia demitido um diretor de engenharia que se recusou a aprovar uma expedição em águas profundas.

O Titan enfrentou dezenas de problemas durante viagens anteriores, incluindo 70 falhas de equipamento em 2021 e mais 48 em 2022. A segunda marcou o primeiro dia de duas semanas de depoimentos sobre o que deu errado durante a viagem que deu errado em junho de 2023 para ver os destroços do Titanic no fundo do Oceano Atlântico.

O submersível ficou armazenado em temperaturas extremamente frias fora de uma instalação em Newfoundland, sem proteção contra os elementos, no inverno anterior ao acidente. Menos de quatro semanas antes da missão fatal, o submersível foi testado e, dois dias depois, foi encontrado "parcialmente afundado", após uma noite de mares agitados e neblina.

O histórico problemático do desenvolvimento do submersível foi detalhado quando a Junta de Investigação Marinha da Guarda Costeira dos EUA se reuniu na Carolina do Sul na segunda-feira para a primeira audiência pública sobre o desastre, uma tentativa de começar a responder à pergunta sobre o que deu errado na missão para visitar os destroços do Titanic.

O primeiro testemunho foi de Tony Nissen, ex-diretor de engenharia da OceanGate, a empresa de exploração subaquática que operava o submersível. Ele ficou visivelmente abalado após ver a apresentação inicial da Guarda Costeira sobre a longa série de problemas que assolaram o Titan nos meses e anos anteriores à viagem, e chamou os problemas de "perturbadores".

Últimas palavras antes da implosão
De acordo com o jornal inglês BBC, as últimas palavras ouvidas da tripulação de cinco pessoas do submersível Titan foram "tudo bem aqui". A frase foi dita antes que a embarcação implodisse nas profundezas do oceano e matasse a todos a bordo, revelou a audiência,

O que aconteceu com a OceanGate, dona do Titan, após a tragédia?

Em agosto do ano passado, o banqueiro Gordon A. Gardiner foi apontado para o cargo de CEO da empresa, investigada pela Guarda Costeira dos EUA que apura as circunstâncias do incidente. Até o momento, a empresa não foi responsabilizada judicialmente pelas mortes. Ao "Insider", a companhia confirmou que Gardiner foi nomeado CEO e diretor "para liderar a OceanGate nas investigações em andamento e no fechamento das operações da empresa".

"A OceanGate suspendeu todas as operações comerciais e de exploração". Essa é a mensagem que se lê ao acessar o site oficial da empresa, inativo desde a tragédia do Titan.

O que se sabe sobre os corpos?
Os cinco tripulantes do submersível Titan morreram durante uma implosão, causada pela força da pressão na estrutura do submarino. Cerca de 80 horas após o desaparecimento, quando a reserva de oxigênio do veículo já estaria no final. A expedição faz um ano nesta terça-feira. Mas o que ocorre com o corpo humano durante um evento de implosão?

O ex-diretor de medicina submarina e saúde de radiação da Marinha dos Estados Unidos, Dale Molé, explica que as mortes provavelmente foram instantâneas e indolores após a estrutura do submarino não ter conseguido suportar a pressão externa, que é extremamente alta na profundidade em que ele estava, cerca de 400 vezes superior à do nível do mar.

— Teria sido tão de repente, que eles nem saberiam que havia um problema ou o que aconteceu com eles. É como estar aqui um minuto, e então o interruptor é desligado. Você está vivo em um milissegundo e no próximo milissegundo você está morto — disse o especialista ao jornal britânico DailyMail.

Uma implosão é basicamente o oposto de uma explosão. Em vez de a pressão se mover de dentro para fora, ela entra. Mas, assim como seria numa explosão, é improvável que reste muito da embarcação e do que estava dentro dela após o acontecimento. Logo, os corpos foram destruídos pela alta pressão.