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Manchester City pode ser expulso de todas as competições em julgamento de Fair Play, diz jornal

Em caso de punição, Guardiola já havia afirmado, em 2022, que deixará o clube

Manchester City é campeão da Supercopa da Inglaterra - Reprodução/Twitter/@ManCity

O julgamento pelo qual passa o Manchester City, por 115 violações do regulamento do Campeonato Inglês, pode resultar em punições além da competição nacional, caso seja considerado culpado.

O "Julgamento do Século", como é classificado o processo pela imprensa britânica, pode fazer com que o clube seja expulso também da Copa da Inglaterra, Copa da Liga Inglesa e até do Mundial de Clubes, da Fifa.

As informações foram dadas primeiramente pelo periódico The Telegraph. O regulamento abre margem para que, em caso de expulsão de um clube do Inglês, o mesmo aconteça na Copa da Inglaterra e na Copa da Liga Inglesa.

O artigo 5 da Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) prevê essa possibilidade em caso de um clube sofrer expulsão ou suspensão de alguns jogos.

A organização é composta por membros do Campeonato Inglês e da Liga de Futebol Inglesa. O mesmo vale para a Copa da Liga, no qual apenas equipes que disputam algumas das quatro primeiras divisões do futebol inglês estão qualificadas para o torneio.

A depender do julgamento, o City pode sofrer uma série de sanções, tanto na esfera esportiva quanto na financeira. Além de arcar com os custos do processo, o clube pode ser excluído do Campeonato Inglês, perder pontos, ter partidas disputadas novamente, entre outras punições.

Além destas duas competições, o futuro do clube no Campeonato Inglês e no Mundial de Clubes torna-se incerto em caso de punição. As competições internacionais contam com regulamentos diferentes, naturalmente.

Mas a participação do City nestes torneios se tornaria inviável, em caso de expulsão no Inglês, porque a vagas são definidas com base na classificação dos times em suas competições nacionais.

Esta é a segunda vez em cinco anos que o City corre risco de ser excluído de competições. Em 2020, a Uefa puniu o City com a exclusão de disputar a Liga dos Campeões por duas temporadas. A entidade entendeu que, entre 2012 e 2016, o time inflou seus contratos de patrocínio.

Nessa ocasião, no entanto, o clube conseguiu reverter a decisão após apelação na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que entendeu que não houve violações da regra de Fair Play Financeiro da entidade, mas ainda puniu o City com uma multa por não cooperar com as investigações.

"Todo esse processo movido pela FA contra o City é sigiloso e não sabemos da extensão dos fatos e provas incluídos no processo O que se sabe é que o clube foi denunciando de diversas infrações ao Fair Play Financeiro da liga inglesa, algumas relacionadas à falta de cooperação na apresentação de documentos E outras decorrentes, principalmente de investimentos feitos no clube pelo seu dono disfarçados de patrocínios", afirma Raphael Paçó Barbieri, advogado especializado em direito desportivo do CCLA Advogados.

Das acusações, 80 tratam de violações no regulamento do Fair Play Financeiro, tanto da Uefa quanto da Premier League (liga que organiza o Campeonato Inglês), enquanto outras 35 se devem à falta de cooperação do clube as investigações conduzidas pela liga.

O anúncio foi feito pela Premier League há 19 meses, em fevereiro de 2023. Desde então, a liga optou por não fazer comentários sobre o caso até a audiência.

A origem da investigação se deu em 2018, quando a revista alemã Der Spiegel revelou trocas de e-mail entre executivos do Grupo City em que mostravam que o contrato de patrocínio da Etihad, empresa aérea estatal dos Emirados Árabes Unidos, foi inflado para disfarçar os investimentos de xeque Mansour no clube. O City nega todas as acusações.

"Nesse sentido, a Premier League inglesa impõe algumas regras de Fair Play Financeiro a seus participantes, pelas quais intenta garantir a sustentabilidade dos clubes a longo prazo e minimizar a dependência financeira destes em relação a receitas esporádicas e de injeções de dinheiro pelos proprietários do clube", explica Matheus Laupman, advogado do Ambiel Advogados e especialista em Direito Desportivo ao Estadão.

"Em suma, vai ao encontro de uma maior paridade entre os clubes e redução das discrepâncias de qualidade dos elencos por motivos ligados única e exclusivamente a aspectos financeiros."

O início das audiências, realizadas por uma comissão independente, estava prevista para novembro deste ano, mas foi adiantada. A expectativa é que este processo antes do julgamento dure dois meses e uma decisão saia no início de 2025, entre março e junho.

No período em que a Premier League acusa o Grupo City de violações financeiras, o clube conquistou o Campeonato Inglês em três oportunidades (2011/2012, 2013/2014 e 2017/2018).

"Estou feliz que (o julgamento) comece na segunda-feira. Sei que haverá mais rumores", disse Pep Guardiola em entrevista coletiva na última semana. "Sei o que as pessoas estão procurando. Sei o que eles estão esperando, sei o que leio há muitos, muitos anos. Todo mundo é inocente até que a culpa seja provada."

Além do Manchester City, a Premier League puniu Nottingham Forest e Everton com a dedução de pontos na última temporada, por quebrar as regras de Fair Play Financeiro da competição.

Em caso de punição, Guardiola já havia afirmado, em 2022, que deixaria o clube. Na temporada 2024/2025, o time é o atual tetracampeão inglês e está na liderança da competição, com 100% de aproveitamento em quatro jogos.

"A depender do veredicto do julgamento, caso o Manchester City seja considerado culpado, as sanções propostas pelo Comitê Independente da Premier League serão a princípio impostas imediatamente. Contudo, tais sanções poderão ser revistas ou até mesmo anuladas após decisão do Comitê de Apelação", afirma Laupman. No caso do Everton, o clube conseguiu reduzir a perda de pontos de dez para seis.