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Haddad: Havia grupo que entendia que não devia ser considerado equilíbrio de contas públicas

De acordo com ele, a gestão anterior terceirizou um governo fazendo com que as emendas parlamentares viessem a garantir uma base parlamentar

Fernando Haddad - Pablo Porciuncula/AFP

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dizer nesta sexta-feira (20), que quando o atual governo assumiu o poder havia um grupo de pessoas que entendia que não se deveria levar em consideração o equilíbrio das contas públicas, e que essa seria uma questão menor.

"Não era isso que deve prevalecer, não é isso que deve orientar as ações de governo. Nós temos que passar por isso. Se for preciso fazer déficits crescentes, mas garantindo aquilo que foi defendido nas urnas, aquilo que nós representamos, vale a pena o risco de não equilibrar, não sinalizar uma atenção a isso, pelo menos no curto prazo", disse Haddad para estudantes da Universidade de São Paulo (USP), em palestra nesta noite.

Para ele, de outro lado, tem pessoas que também têm legitimidade, embora ressaltando haver riscos concretos nesse desarranjo todo.

E o desarranjo, segundo o ministro, não era pequeno.

"Nós não estávamos herdando uma situação de normalidade das finanças públicas. O Brasil nunca tinha dado calote em precatórios no plano federal, porque não faz sentido você poder pagar e mentir, dar um calote, a não ser para maquiar as contas públicas, como aconteceu", disse o ministro.

"Você não passa a mão no dinheiro dos governadores para baixar artificialmente o preço dos combustíveis durante as eleições. Você não destrói os cadastros dos programas sociais para oferecer benefícios a quem não precisa, com finalidades também eleitorais. Você não cria, mesmo com bons propósitos, um fundo de educação que foi turbinado. Eu criei o Fundeb lá atrás, em 2006, mas ele veio a ser turbinado recentemente. Você está jogando a conta para os governos futuros", acrescentou Haddad.

De acordo com ele, a gestão anterior terceirizou um governo fazendo com que as emendas parlamentares viessem a garantir uma base parlamentar.

"Eu não estou aqui nem criticando o Congresso. Ele está no papel dele de protagonismo. A questão é quando um Executivo fraco começa a delegar para outros poderes aquilo que é a sua decisão. Então, se você vai somando esses grandes eventos, você tem a dimensão do quadro", disse o ministro, acrescentando que o governo não vai frustrar a população - mas entende que a questão fiscal importa, sim, embora o quadro herdado tenha sido de descontrole das contas públicas.