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Mariah Carey mostra performance vocal de alta potência em show emocionante e sensual em São Paulo

Cantora ainda fará apresentação no Rock in Rio, no domingo; tratam-se das primeiras agendas da norte-americana no país em 14 anos

Mariah Carey: sensual e emocional no Allianz Parque - Reprodução

Pontualíssima, às 21h, na noite de ontem, Mariah Carey finalmente botou fim ao jejum de 14 anos sem shows no Brasil e trouxe para cá sua nova turnê "The Celebration of Mimi".

Foi com a balada “Love takes time”, lançada num já distante 1990, no seu álbum de estreia, que se deu inicio à apresentação que chegou a ter o som abafado nos primeiros minutos, tamanha a entrega do público (formado por rapazes e moças com seus 30 e 40 anos, em sua maioria, se esgoelando sem economizar nem um centavo das pregas vocais).

Dalí, caminhando graciosamente pelo palco do Allianz Parque, Mariah partiu para o pop (com delicioso aroma de R&B) de “Emotions”, também do meteórico começo de sua carreira — que a colocou no mapa da música global para nunca mais sair.



Sorridente, mas sem exagerar, e arriscando um português restrito ao “Eu te amo, Brasil”, “Obrigada” e outras simpatias, a cantora não fugiu ao seu papel de diva. Lá estavam o vestido brilhante, o impecável gloss nos lábios e um cabelo de volumosas ondas (do qual nem mesmo um fio parecia fora do lugar).

Sem guardar o ouro pro final, a cantora de 55 anos ativou potência máxima ao enfileirar ali mesmo nos minutos iniciais as baladas “Can’t let go” e “I’ll be there”, cover que passou a ser parte do repertório da cantora com o lançamento do álbum ao vivo “MTV Unplugged” feito em 1992 — na época, a faixa viveu um tipo de revival para sua história, 20 anos depois de ter sido uma das canções responsáveis por estabelecer os Jackson 5 no showbiz americano. Na versão paulistana, a música emocionou muitos fãs que exibiram olhos marejados e chegavam a colocar as mãos sobre o coração nos momentos mais intensos da performance.

Mas nem tudo foi sofrência. Com a deliciosa pop noventista “Dreamlover” e seu refrão dançante, Mariah conseguiu erguer a fervura do estádio e assim seguiu para mais hits, como por exemplo “Without you” e “Hero” — nas quais Mariah deixou a voz passear e chegar aos tons mais altos sem fugir, nem jogar para a plateia. Essa foi a tônica do show: Mariah usou, sem medo, sua potente voz como maior trunfo e a plateia, satisfeita, retribuiu com aplausos e muita cantoria.

Enquanto gabaritava todos os quesitos vocais, Mariah se mexia pouco e, quando fazia, mantinha uma cadência lenta e graciosa. Vestindo a carapuça de diva (que lhe cabe muitíssimo bem), a cantora pouco gesticula além do necessário. Faz, por vezes, seus tradicionais movimentos com as mãos, ou tocava em uma mecha de cabelo. Ali imperou a delicadeza, calma, e certa indiferença (com toques de sensualidade) no modo de agir.

O momento mais sexy da apresentação — aspecto importante da longeva carreira de “Mimi”, apelido da cantora — se deu quando Mariah entregou às faixas que lançou na primeira década dos anos 2000 quando o R&B deu uma nova guinada comercial globalmente. Dessa lavra apresentou a sexy, praticamente sexual "I know what you want", cooperação com o rapper Busta Rhymes. Dalí, partiu para a descomplicada “Is like that" e a pop “Shake it off” (a hora certa para quem acompanhava a apresentação enxugar as lágrimas e se entregar à pista de dança que se tornou o estádio).

Sem dramas, Mariah ia encerrando o show basicamente igual ao set-list apresentado muito recentemente em uma apresentação no estádio de Beijing, na China — cabe, inclusive, ressaltar o profissionalismo da cantora, que manteve a agenda brasileira mesmo após a morte de sua mãe e irmã (Patricia e Alison Carey) no mesmo dia há poucas semanas. Ela ainda tem uma apresentação marcada no domingo, no Rock in Rio.

Após apresentar (o que parecia ser) a derradeira canção “We Belong Togheter”, com a inconfundível introdução em piano, a cantora se despediu e deixou o palco. As luzes principais do estádio chegaram a ser acesas. Pouquíssimos minutos depois, porém, o palco começou a ter uma movimentação diferente e… a cantora voltou para cantar “I want to know what love is”, cover da banda anglo-americana de rock Foreigner e um sucesso arrasa-quarteirão Brasil (a música integrou a trilha sonora da novela Viver a Vida, em 2009). Foi um dos momentos mais bonitos do show, no qual Mariah mostrou a maior carga de emoção, mas ainda sem deixar o seu ar de musa e cometer algum tipo de exagero na reação. Era exatamente o que todo mundo esperava (no melhor sentido possível).