Aos 80 anos, Lia de Itamaracá comanda roda de ciranda com o público do palco Global Village
Patrimônio Vivo de Pernambuco, cantora empolgou com mistura de ritmos, como coco, carimbó e frevo
Domingo de sol, sensação térmica de 31º C às 15h30, e Lia de Itamaracá, 80 anos, canta os primeiros versos de "Mar de fogo", ponto de Exu que abre os caminhos de sua estreia no Rock in Rio, no palco Global Village.
Patrimônio Vivo de Pernambuco, a cantora também saudou outros orixás com "Mamãe Oxum", de Mariene de Castro, "Meu São Jorge" e "Machado de Xangô", antes de comandar uma enorme roda de ciranda com o público presente.
Sentada no centro do palco, ladeada pelas irmãs Dona Dulce e Dona Biu, e acompanhada de sua Big Banda da Ciranda, formação competente de sopro e percussão, a pernambucana liderou a coreografia espontânea com temas próprios como "Eu sou Lia" e "Minha ciranda" e "Frevo e ciranda", de Capiba.
Com a autoridade de quem foi enredo de duas escolas de samba no ano passado, o Império da Tijuca, do Rio, e a Nenê de Vila Matilde, de São Paulo, a cantora seguiu por uma seleção de ritmos tradicionais, como "Ô moreninha do dente de ouro" e "Dá-lhe Manoel" de Selma do Côco, "Mistura de carimbó com ciranda",de Pinduca, e a sua "Maxixe da vizinha".
A roda de ciranda voltaria a se formar no gramado com seu maior sucesso, "Quem me deu foi Lia", e sua interpretação para "Suíte dos pescadores", de Dorival Caymmi, encerrando com um tema instrumental, o frevo "Mordido".
Uma hora de show passou rápido para o público e para a cantora, que esbanjou carisma e vitalidade em sua estreia no festival. "Quero voltar no próximo, depende só do contratador", disse antes de as cortinas se fecharem. Recado dado.