O local de trabalho pode ser amigável à menopausa? Iniciativa afirma que sim
Programa da Sociedade Americana de Menopausa a orienta empregadores sobre como apoiar funcionárias nessa fase da vida
Há dois anos, Stephanie Faubion estava no microfone em uma reunião da Sociedade da Menopausa dos Estados Unidos enquanto pensava: “Isso vai ser um problema.” Alguém na sala havia feito uma pergunta sobre os desafios de passar pela menopausa no local de trabalho, e a conversa havia mudado para maneiras pelas quais os empregadores poderiam intervir.
Faubion, diretora médica da organização, estava preocupada que pedir recursos adicionais para mulheres poderia aumentar a discriminação de gênero — se precisassem de tratamento especial, os empregadores teriam mais motivos para não contratá-las ou promovê-las. No entanto, no ano passado, ela e outros pesquisadores publicaram um estudo sobre os custos da menopausa no ambiente de trabalho que a ajudou mudar seu pensamento.
As mulheres estavam faltando ao trabalho — o equivalente a U$1,8 bilhões (cerca de R$10 bilhões) em horas trabalhadas a cada ano. Algumas pararam de trabalhar por causa da menopausa.
— Pensei, tudo bem, não podemos simplesmente fechar os olhos para isso — diz Faubion, diretora do Centro de Saúde da Mulher da Clínica Mayo. — Temos que fazer algo sobre isso.
Iniciativas propostas
Este mês, a Sociedade lançou uma iniciativa fornecendo orientações aos empregadores sobre como apoiar as mulheres passando pela menopausa. O documento inclui dicas como falarem sobre menopausa no trabalho e políticas que os empregadores podem considerar, como garantir que os planos de saúde oferecidos cubram opções de tratamento para menopausa.
O programa, chamado “Making Menopause Work” (“Fazendo a Menopausa Funcionar”, em tradução livre), também fornece sugestões para facilitar a jornada de trabalho das funcionárias que estão na menopausa, como pausas flexíveis para ir ao banheiro, melhorar a ventilação e fornecer uniformes com tecidos respiráveis para que os fogachos sejam menos desconfortáveis. Há pontos de discussão que os trabalhadores podem levar aos empregadores e uma avaliação para medir o quão bem um local de trabalho responde à menopausa.
A iniciativa é o mais recente símbolo do crescente reconhecimento de que a menopausa afeta as mulheres no local de trabalho. Este ano, a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos do Reino Unido afirmou que os empregadores são legalmente obrigados a fazer “ajustes razoáveis” para mulheres com sintomas de menopausa se forem graves o suficiente para serem considerados uma deficiência.
Em 2021, a Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa lançou suas próprias recomendações, instando os empregadores a abordarem a menopausa no local de trabalho por meio de medidas como cobrir explicitamente a menopausa nas políticas de licença médica e permitir que mulheres em cargos de atendimento ao cliente façam pausas para gerenciar sintomas como fogachos.
Algumas empresas nos Estados Unidos e no exterior começaram a oferecer benefícios específicos para a menopausa. A questão agora é saber se tudo isso se traduzirá em mudanças reais.
Conscientização
Jewel Kling, médica e professora de medicina que estuda menopausa na Clínica Mayo, no Arizona, pontua que um primeiro passo crítico para melhorar as condições de trabalho para mulheres passando pela menopausa é aumentar a conscientização sobre como essa fase da vida pode ser.
— Acho que as pessoas diriam: “Sim, entendo que fogachos e suores noturnos estão associados à menopausa, mas não esperava que problemas de sono e mudanças de humor e irritabilidade e todas essas coisas fizessem parte da menopausa”. Se não sabemos o que é a menopausa, então como sabemos como abordá-la ou cuidar dela? — reflete.
Também é importante reconhecer que “a menopausa não é apenas uma experiência que acontece uma vez e pronto,” segundo Jennifer Weiss-Wolf, diretora executiva do Centro de Liderança Feminino de Birnbaum , da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York. Os sintomas duram anos e variam de pessoa para pessoa, podendo ser mais graves para mulheres negras do que para mulheres brancas. E os locais de trabalho em si são altamente individuais — é mais difícil tirar licença remunerada ou médica em alguns empregos do que em outros, por exemplo.
— O que funciona, talvez, em um complexo de escritórios não funcione em uma sala de aula, ou para alguém que dirige um ônibus, ou para alguém que trabalha atrás do balcão — explica.
A pesquisadora Chithramali Hasanthika Rodrigo, que estuda intervenções para a menopausa na Universidade de Aberdeen, na Escócia, examinou a eficácia dos programas de menopausa no local de trabalho em todo o mundo em uma revisão de 2023.
Fornecer intervenções como terapia cognitivo-comportamental, ioga e coaching para equilíbrio entre vida profissional e pessoal melhorou significativamente os sintomas das trabalhadoras.
No entanto, na primavera passada, a profissional e outros pesquisadores publicaram um estudo sobre os custos da menopausa no escritório, o que ajudou a mudar seu pensamento. As mulheres estavam faltando ao trabalho — $1,8 bilhões (cerca de R$10 bilhões) em tempo de trabalho a cada ano. Algumas saíram completamente por causa da menopausa.
— Pensei, tudo bem, não podemos simplesmente enterrar nossas cabeças na areia sobre isso — disse Faubion, diretora do Centro de Saúde da Mulher da Clínica Mayo. — Vamos ter que fazer algo.
Hoje, a Sociedade da Menopausa lançou uma iniciativa fornecendo orientações aos empregadores sobre como apoiar as mulheres passando pela menopausa. Inclui dicas para os gerentes falarem sobre a menopausa no trabalho e políticas que os empregadores podem considerar, como garantir que os planos de saúde oferecidos cubram opções de tratamento para os sintomas da menopausa.
O programa, chamado "Making Menopause Work" ( em tradução livre "Fazendo a Menopausa Funcionar"), também fornece sugestões para facilitar a jornada de trabalho das funcionárias que estão na menopausa, como pausas flexíveis para banheiro para aquelas que enfrentam sangramentos imprevisíveis ou intensos, e melhorar a ventilação e usar uniformes com tecidos respiráveis para que os fogachos sejam menos desconfortáveis. Há pontos de discussão que os trabalhadores podem levar aos empregadores e uma avaliação para medir o quão bem um local de trabalho responde à menopausa.
A iniciativa é o mais recente símbolo do crescente reconhecimento de que a menopausa afeta as mulheres no local de trabalho. Este ano, a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos do Reino Unido afirmou que os empregadores são legalmente obrigados a fazer “ajustes razoáveis” para mulheres com sintomas de menopausa se forem graves o suficiente para serem considerados uma deficiência. Em 2021, a Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa lançou suas próprias recomendações, instando os empregadores a abordarem a menopausa no local de trabalho por meio de medidas como cobrir explicitamente a menopausa nas políticas de licença médica e permitir que mulheres em cargos de atendimento ao cliente façam pausas para gerenciar sintomas como fogachos. Algumas empresas nos Estados Unidos e no exterior começaram a oferecer benefícios específicos para a menopausa.
A questão agora é saber se tudo isso se traduzirá em mudanças reais.
— O cínico em mim diz: "Sim, boa sorte com isso,” — reflete Faubion.
As acomodações para mulheres na menopausa no local de trabalho são poucas e distantes entre si nos Estados Unidos, identifica Jennifer Weiss-Wolf, diretora executiva do Centro de Liderança Feminino de Birnbaum , da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York.
— São empresas que estão se destacando por conta própria.
Jewel Kling, médica e professora de medicina que estuda a menopausa na Clínica Mayo, no Arizona, pontua que um primeiro passo crítico para melhorar as condições de trabalho para mulheres passando pela menopausa é aumentar a conscientização sobre o que essa fase da vida pode parecer e sentir.
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— Acho que as pessoas diriam: "Sim, entendo que fogachos e suores noturnos estão associados à menopausa, mas não esperava que problemas de sono e mudanças de humor e irritabilidade e todas essas coisas fizessem parte da menopausa”. Se não sabemos o que é a menopausa, então como sabemos como abordá-la ou cuidar dela? — reflete.
Também é importante reconhecer que “a menopausa não é apenas uma experiência que acontece uma vez e pronto,” segundo Weiss-Wolf. Os sintomas duram anos e variam de pessoa para pessoa, podendo ser mais graves para mulheres de cor do que para mulheres brancas. E os locais de trabalho em si são altamente individuais — é mais difícil tirar licença remunerada ou licença médica em alguns empregos do que em outros, por exemplo.
— O que funciona, talvez, em um complexo de escritórios não funcione em uma sala de aula, ou não funcione para alguém que dirige um ônibus, ou não funcione para alguém que trabalha atrás do balcão — explica.
A pesquisadora Chithramali Hasanthika Rodrigo, que estuda intervenções para a menopausa na Universidade de Aberdeen, na Escócia, examinou a eficácia dos programas de menopausa no local de trabalho em todo o mundo em uma revisão de 2023. Ela e os co-autores descobriram que fornecer intervenções como terapia cognitivo-comportamental, yoga e coaching para equilíbrio entre vida profissional e pessoal melhorou significativamente os sintomas das trabalhadoras. A profissional relata ter visto uma tendência em direção a mais acomodações para a menopausa no Reino Unido, particularmente.
— Não diria que está acontecendo em todos os locais de trabalho — reforça. — Mas vejo muito entusiasmo.