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Inteligência Artificial: plano nacional prevê investimento de R$ 23 bilhões

Investimento será feito em quatro anos, com fontes do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que deseja tornar o Brasil em um polo de referência mundial em inovação

Carmelo Bastos - Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Lançado no final de julho, na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028 prevê um investimento de R$ 23 bilhões na área, no período de quatro anos. Um projeto que visa fazer o País virar referência mundial em inovação e eficiência no uso tecnológico. Dentro do plano de ações, um dos focos é a resolução de problemas na área da educação.



“Devemos olhar essas novas tecnologias e ver os nichos em que podemos nos especializar. Em Pernambuco, tivemos um conjunto de iniciativas interessantes, aproximando a academia do setor produtivo e do governo”, cita Carmelo Bastos, pró-reitor de pós-graduação, pesquisa e inovação da Universidade de Pernambuco (UPE).

Migração

Bastos, que também é coordenador da especialização em Inteligência Artificial na UPE, ressaltou que o Estado também tem conseguido aumentar o número de profissionais integrados no setor de IA, ainda que o maior desafio seja mantê-los no Brasil.

“Criamos novos mecanismos de formação (educacional) de pessoas. Elas chegavam com uma formação baseada em problemas, com capacidade crítica. Tivemos uma pós-graduação na UPE em um primeiro momento, depois a graduação. Temos a iniciativa chamada ‘Jornada de Inovação, Pesquisa e Extensão’, colocando os estudantes dentro das empresas. Mas ainda há um desafio em criar essa sinergia e reter essas pessoas, fazendo com que essas cabeças pensantes continuem por aqui na região. Temos essa capacidade no Brasil, mas precisamos criar mecanismos para o processo de consolidação”, destaca.

O docente, porém, destacou que o Brasil tem tentado mudar o panorama, deixando de ser somente um exportador de talentos para também atrair novos profissionais da área.

“Recentemente, foi estabelecida, junto ao Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, a atração de pessoas de outras nações. Quem faz esse processo de pré-seleção é a UFPE, UFRPE e UPE, em conjunto. Ano passado, houve recorde de inscrição, com 17,5 mil pessoas. Essa troca fará com que a gente acelere o conhecimento nas tecnologias que ainda não conseguimos ser líderes”, argumenta.

Dentro do PBIA, há um eixo chamado “Difusão, Formação e Capacitação em IA” , que estima a utilização de R$ 1,15 bilhão para “despertar, formar, capacitar e requalificar talentos em IA em todos os níveis, para suprir a necessidade urgente por profissionais qualificados e fomentar a compreensão crítica sobre a tecnologia em nossa sociedade”.

Assistência

Professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Juliano Lyoda, aponta que um dos pontos mais discutidos quando o assunto é a utilização da Inteligência Artificial é o risco de a tecnologia “substituir” o trabalho humano. O docente, porém, enxerga outro cenário.

Juliano Lyoda



“Temos duas formas de nos beneficiarmos dessas tecnologias: aumentando a produtividade e o conforto. Antes, existiam máquinas voltadas mais para ajudar na parte física, mas agora está chegando na parte intelectual. Não para substituir (o trabalho humano), mas para ser uma assistente nas atividades”, pondera.

Assessor de Planejamento Estratégico e Inovação e pró-Reitor de pesquisa e pós-Graduação do ECEME, Franco Azevedo ressalta que, tanto no cenário da educação como em outras áreas, é preciso estimular o estudante interessado na área de Inteligência Artificial com programas que gerem oportunidade de os profissionais desenvolverem suas habilidades.

Franco Azevedo



“Os pesquisadores querem projetos de qualidade, com relevância. Eles trabalham mais focados nisso do que nos salários, por exemplo. No meio militar, temos centros de excelência, como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica e o Instituto Militar de Engenharia. Na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), temos também o Instituto Meira Mattos (IMM), que tem um programa de pós-graduação em Ciências Militares. Trabalham homens e mulheres, de todas as idades, estudando Inteligência Artificial e Computação Quântica no ponto de vista estratégico. A cada ano que passa, o interesse aumenta.”