Energia limpa

Metanol verde: primeira planta produtiva do Brasil chega a Pernambuco em julho de 2028

A cerimônia de assinatura da cooperação entre Governo do Estado e European Energy aconteceu nesta segunda-feira (23)

Assinatura do contrato que oficializa a chegada da primeira indústria de produção de e-metanol do Brasil - Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Com previsão de início das operações para julho de 2028, o Governo de Pernambuco e a European Energy oficializaram, nesta segunda-feira (23), a instalação, no Estado, da primeira planta produtiva de e-metanol do Brasil, combustível obtido de fontes renováveis e livre de emissões poluentes. A cerimônia de assinatura da cooperação contou com a presença de empresários do setor sucroenergético, incluindo o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro.

O empreendimento ficará localizado em uma área de mais de dez hectares, no Complexo Industrial Portuário de Suape, no Litoral Sul. Com investimento de R$ 2 bilhões, a estimativa é de que a nova indústria impulsione a geração de 250 empregos diretos e cerca de 15 mil indiretos. 

Segundo o cronograma, o projeto básico será apresentado até 30 de abril de 2025, e as obras terão início seis meses depois, em outubro, a partir da concessão das licenças ambientais. A expectativa é de que 100 mil toneladas do e-metanol sejam movimentadas por ano no porto.

A cerimônia de assinatura da cooperação contou com a presença de empresários do setor sucroenergético, incluindo o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro. Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

Potencial
De acordo com a governadora Raquel Lyra, Pernambuco sedia o investimento em função da posição geográfica, da oportunidade que existe no Porto de Suape e da geração de biocombustível, além do potencial na produção das energias eólica e solar.

“Num primeiro momento, o foco dessa indústria é voltado, como colocada na própria Dinamarca, para alimentar a indústria de navios para que as embarcações possam ter energia limpa trafegando pelo mundo inteiro", pontuou. 

Experiência
A European Energy é uma companhia dinamarquesa consolidada no Brasil no ramo de energia limpa.

“Somos uma empresa internacional que atua em 29 países. E vemos que o Brasil, e Pernambuco especialmente, têm os melhores recursos em todo mundo para produzir eletricidade barata”, destacou o deputy CEO da European Energy, Jens-Peter Zink.  

Segundo o vice-presidente para América Latina da companhia, Thiago Arruda, a empresa se estabeleceu em Pernambuco e começou, no País, a partir da geração de energia solar.

“Hoje, a gente dá mais um passo, indo além dos projetos solares e eólicos que nós já possuímos aqui no Estado para novos combustíveis, as novas fronteiras de tecnologia, e colaborando com a industrialização do Estado em um projeto que a gente espera poder colocar em construção brevemente”, reiterou. 

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, mencionou os diferenciais para o Estado ter sido escolhido para sediar a nova planta industrial. 

“Pernambuco tem um dos maiores portos do Brasil, o principal porto industrial da região Nordeste. Nós temos um porto que é realidade no presente. Nosso porto teve muita diferença, mas também o fato da gente conseguir integrar a cadeia sucroenergética com esse processo de criação de um novo combustível do futuro, fez com que a gente fosse beneficiado nessa decisão de investimento”, disse. 

É importante que o Porto de Suape ofereça o combustível do futuro para as companhias de navegação instaladas no complexo, segundo o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot. 

“Dentro do processo de descarbonização, as companhias de navegação têm uma agenda muito forte para estarem descarbonizadas até 2030. É importante que Suape tenha essa possibilidade de oferecer, como a gente já oferece o combustível tradicional, o combustível do futuro também”. 

Pioneirismo
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, salientou que Pernambuco sai na frente no campo das energias verdes com o investimento feito em Suape. 

Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

“Os marcos regulatórios começam a funcionar e a sinalizar para o biodiesel, para o biometano, que começam a ter marcos regulatórios bastante consistentes para o combustível de aviação limpa que é o SAF e, sobretudo, para o marítimo”, comentou. 

Para o diretor de Novos Negócios do Grupo EQM, Paulo Júlio de Mello, o e-metanol tem uma importância significativa para o setor sucroenergético, um dos fornecedores de matéria-prima para a nova fábrica. 

Diretor de Novos Negócios do Grupo EQM, Paulo Júlio de Mello. Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

“O CO2 é extraído do processo de produção de cana-de-açúcar e do etanol e esse resíduo do CO2, vai passar a ser uma matéria-prima importante para a produção do e-metanol. É um avanço, é uma captura de carbono da atmosfera, é um processo bem moderno e muito interessante para alavancar o setor sucroenergético que já é um setor ESG”, afirmou.