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Na ONU, Meryl Streep diz que "um esquilo tem mais direitos que uma menina" no Afeganistão sob Talibã

Durante discussão na Assembleia Geral, atriz criticou lei islâmica, implementada no país desde 2021

Meryl Streep na Assembleia Geral da ONU em Nova York. - Reprodução/YouTube

A atriz americana Meryl Streep afirmou que "um esquilo tem mais direitos" do que uma menina no Afeganistão, acrescentando sua voz ao apelo das mulheres afegãs para pôr fim às severas restrições do governo Talibã sobre suas vidas.

As autoridades talibãs implementaram uma interpretação austera da lei islâmica desde que retornaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021, após a retirada das forças lideradas pelos EUA.

Mulheres e meninas têm sido as mais afetadas pelas restrições — incluindo a proibição de frequentar parques públicos, universidades e de cantar em público —, o que as Nações Unidas classificaram como "apartheid de gênero".

"Um esquilo tem mais direitos do que uma menina no Afeganistão hoje, porque os parques públicos foram fechados para mulheres e meninas pelo Talibã", disse Streep na segunda-feira, durante uma discussão paralela à Assembleia Geral da ONU em Nova York.

"Um pássaro pode cantar em Cabul, mas uma menina não pode, e uma mulher não pode em público", disse a atriz vencedora do Oscar.

"Sinto que a comunidade internacional como um todo, se se unisse, poderia provocar mudanças no Afeganistão e interromper a lenta sufocação de metade da população."

O governo talibã, que ainda não foi reconhecido por nenhum outro país, publicou uma lei amplamente criticada em agosto, que apertou ainda mais as restrições à vida das mulheres.

Embora muitas das medidas tenham sido informalmente impostas desde a tomada de poder do Talibã em 2021, sua formalização gerou indignação da comunidade internacional e de grupos de direitos humanos.

A lei da "virtude e vício" dita que a voz de uma mulher não deve ser levantada fora de casa e que as mulheres não devem cantar ou recitar poesia em voz alta. Exige-se que cubram todo o corpo e rosto se precisarem sair de casa, o que só devem fazer "por necessidade".

Asila Wardak, uma líder do Fórum de Mulheres sobre o Afeganistão, disse na discussão da ONU que as mulheres afegãs estavam lá para lembrar aos líderes mundiais que "essa luta não é apenas uma luta afegã", mas "uma luta global contra o extremismo".

Falar sobre a situação das mulheres afegãs durante a Assembleia Geral esta semana foi "um pequeno sinal de esperança" para elas, disse Fawzia Koofi, ex-membro do parlamento em Cabul.

"Mas não é o suficiente", disse ela, pedindo a nomeação de um enviado especial da ONU para pressionar o governo Talibã.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a discriminação contra as mulheres estava causando grandes danos ao Afeganistão.

"Educar meninas é uma das formas mais rápidas de impulsionar o desenvolvimento econômico e melhorar a saúde, o bem-estar e a prosperidade de comunidades e sociedades inteiras", disse Guterres.

"A participação e a liderança das mulheres trazem benefícios comprovados para a paz e a segurança, a proteção social, a estabilidade ambiental e muito mais", afirmou.

"O Afeganistão enfrenta sérios desafios em todas essas áreas."