Setembro em Alerta Amarelo
“No mundo tereis aflições” (João, 16-33). Assim já estava escrito nas sagradas Escrituras, e muito embora tudo venha se cumprindo de forma cada vez mais acentuada nos últimos anos, a ignorância e a falta de atenção a esses problemas, ainda teimam em nos rodear.
Setembro é um mês bem esperado, principalmente porque rende o supersticioso agosto, não muito bem querido por alguns, por conta da coincidência (ou não), com certos acontecimentos indesejáveis.
O nono mês do ano é também conhecido pelo início da auspiciosa estação da Primavera, embora para este ano, “nem tudo (nela) serão flores”. Adiante explicaremos melhor.
Até a Sétima Arte não deixou de mencionar o primeiro dos quatro derradeiros meses do ano, com a terminação “bros”, quando reuniu Rock Hudson, Gina Lollobrigida e Sandra Dee, em 1961, na deliciosa comédia dirigida por Robert Mulligan: “Quando setembro vier”.
Agora explicando a afirmação sobre a não plenitude de flores nessa época, isso tem a ver com a questão ambiental e socio-emocional, que vem adoecendo o Planeta e quem nele habita.
A expressão “Setembro amarelo” designa a Campanha deflagrada em prol do combate ao suicídio, que deveria ter sido mais e melhor impulsionada nos últimos anos, já que parece que vem perdendo o fôlego de que deveria se munir, pela enorme importância que tem.
Encapada internacionalmente, a Campanha foi deflagrada em 2014, dada a iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mas não tem recebido, ultimamente, o devido apoio, adesão e incentivo da sociedade e dos órgãos e entidades, públicas ou particulares.
Enquanto isso, seguimos assistindo a uma indesejável caminhada da humanidade, em que, alarmantemente, vidas e mais vidas são perdidas, quando grande parte do problema poderia ser evitado.
Segundo dados constantes do próprio Site da Campanha, o número de suicídios varia entre países, regiões e gênero, ocupando o Brasil, 12,6% para cada 100 mil homens em comparação com 5,4% para cada 100 mil mulheres, constituindo a quarta causa de morte no Mundo.
Se o mês de setembro, regularmente, impõe-nos essa reflexão, neste ano, acendeu-se também (com não menos intensidade e cor), o “Alerta amarelo”, que é o sinal dado pelos órgãos de Defesa civil, que monitoram as condições meteorológicas e climáticas em geral, quando há risco moderado, com potencial de se tornar perigoso.
Nesta semana, o INMET emitiu um alerta amarelo para a onda de calor que atinge várias regiões do Brasil, indicando temperaturas até 5º C acima da média.
Em meio a essa onda (de calor, por excelência), campeia desenfreadamente, uma terrível praga de incêndios florestais, que certamente efervescerá mais ainda as consequências, já tão danosas ao Meio ambiente, causadas em quase cem por cento dos casos, por ação humana.
Nossos tão ricos biomas (Amazônia, Pantanal e Cerrado), nunca estiveram em situação tão caótica, tendo os três sido atingidos, em média, em mais de 10 milhões de hectares.
Durante a 79ª Assembleia das Nações Unidas, que se realiza, presentemente, em Nova Iorque, entre tantas outras pautas, que estão sendo tratadas, com maior foco (tais como guerras, governos e desgovernos, encontra-se essa terrível e preocupante questão ambiental.
Se as nações não estabelecerem tratados e convenções em nível supra constitucional, em tema de combate aos crimes contra o Meio ambiente, correremos não mais simplesmente riscos de mudanças climáticas com o agravamento de suas consequências, mas de beirarmos à extinção da raça humana.
* Defensor público de Pernambuco e professor.
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