DENGUE

Ministério da Saúde diz que menos de 50% dos jovens tomou a segunda dose da vacina contra dengue

Segundo números do Programa Nacional de Imunizações, somente 636 mil dos 2,2 milhões de brasileiros que deram início à imunização completar

Vacina contra a dengue - Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Menos da metade dos adolescentes que receberam a primeira dose da vacina da dengue no Brasil retornaram para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação. O alerta é do Ministério da Saúde, com base em dados preliminares do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI).

De acordo com o departamento, 636 mil segundas doses foram aplicadas no país, enquanto 2,2 milhões de brasileiros deram início à imunização. Os números mostram que apenas 28,9% tomaram as duas doses necessárias para garantir a proteção contra a doença. Isso embora os estados tenham recebido imunizantes suficientes para as duas aplicações.

O percentual de retorno varia entre os estados brasileiros. O melhor cenário é observado no Rio de Janeiro, onde dos 192,2 mil adolescentes que receberam a primeira dose, 117 mil (60%) completaram a vacinação. Ao todo o ministério informa que o estado recebeu 598,8 mil aplicações.

Em seguida, estão Paraná; Distrito Federal; Amapá; Piauí; Santa Catarina; Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, que tiveram taxas de retorno de 30% a 36%. Embora consideradas baixas, são melhores do que a média nacional.

Na outra ponta, Mato Grosso; Ceará; Alagoas; Rio Grande do Sul; Pará e Rondônia tiveram os piores números, com menos de 10% dos adolescentes que receberam a primeira dose voltando para a segunda. Nos últimos dois estados, o percentual chega a ser inferior a 1%.

A campanha de vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), pioneira no mundo, teve início em março deste ano, momento em que o Brasil batia recordes de casos e mortes pela arbovirose. Segundo dados da pasta da Saúde, até agora já são quase 6,4 milhões de registros e mais de 5,3 mil óbitos confirmados em 2024.

O imunizante utilizado é a Qdenga, da farmacêutica japonesa, que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março do ano passado para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, as duas doses, aplicadas com um intervalo de três meses entre elas, demonstraram uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

O Ministério da Saúde, em nota, lembra que a população “precisa ficar atenta à caderneta de vacinação para garantir a imunização completa”: "A vacinação é uma das inovações para enfrentar a dengue, que em 2024 aumentou em todo o mundo, sobretudo devido às mudanças climáticas. Para ter proteção contra casos graves e hospitalizações por dengue, o público-alvo precisa tomar duas doses do imunizante incorporado de forma inédita no SUS".

Devido à quantidade limitada de doses disponibilizada pela farmacêutica, a campanha na rede pública neste ano é direcionada a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que, de acordo com o ministério, concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois de pessoas idosas – que não podem ser vacinadas pelo aval da Anvisa ser apenas até 60 anos.

“Contudo, esse público tem uma adesão menor, justamente por não ser uma idade que frequenta os serviços de saúde rotineiramente. Por isso, os pais e responsáveis precisam levar as crianças e adolescentes para se vacinar. É um ato de amor e de responsabilidade”, reforça a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, no comunicado.

Pela limitação das doses, além do critério etário, o Ministério da Saúde também restringiu a oferta a uma lista de municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes e com alta transmissão de dengue para fazerem parte da campanha de 2024.

Neste contexto, a pasta ressalta que, “embora o imunizante contribua para frear o avanço da doença, ainda não é a ferramenta mais eficaz no seu enfrentamento, dada a capacidade de produção do laboratório fornecedor que não é suficiente para atender à demanda do Brasil”.

Por isso, cita ações realizada pelos agentes de saúde e que devem ser adotadas pela população, como: