CEO da Microsoft anuncia US$ 14,7 bi em investimentos para IA no Brasil
Em evento em São Paulo, Satya Nadella apresentou plano para treinar 5 milhões de brasileiros em inteligência artificial até 2028
A Microsoft irá investir US$ 14,6 bilhões no Brasil nos próximos três anos para o desenvolvimento de inteligência artificial e de computação em nuvem, anunciou nesta quinta-feira, o presidente global da empresa, Satya Nadella. Em São Paulo, o executivo também apresentou o plano da companhia de treinar 5 milhões de brasileiros em IA até 2028.
Nadella veio ao Brasil para participar do Microsoft AI Tour, evento que marcou a presença de 35 anos da big tech no país. Ele afirmou que a empresa está comprometida em apoiar a "transformação da IA no Brasil" e que a tecnologia irá alavancar o crescimento econômico no país.
"Acredito que o que vocês conseguirão fazer em saúde, em indústria e no setor público vai impulsionar o crescimento social e econômico no Brasil. Estou ansioso para ver os impactos que isso terá e alguns sinais iniciais nós já podemos ver" disse o executivo.
Parte do investimento será destinado à expansão da infraestrutura de data centers da Microsoft no país, em especial em São Paulo. A empresa americana tem também um centros de dados no Rio de Janeiro, lançado em 2020.
"Estamos construindo essas fábricas de inteligência, essencialmente em todos os lugares. Bem aqui no Brasil, já temos duas regiões (centro de dados), e é emocionante ver o crescimento delas" menciou o CEO, que chegou ao Brasil nesta quinta-feira e irá embora no fim do dia.
O aporte no Brasil acontece em um momento que as gigantes de tecnologia aceleram os investimentos para desenvolvimento de infraestutura que suporte os avanços de programas de IA. Antes de São Paulo, Nadella esteve na Colômbia e no México, onde anunciou US$ 1,3 bilhão também para infraestrutura de inteligência artificial e treinamento de pessoas.
"Brasil tem energia suficiente para IA"
O treinamento de brasileiros para IA vai acontecer a partir do programa ConectAI, que envolve a parceria da Microsoft com 26 organizações, incluindo governos, instituições de ensino e ONGs. A empresa também vai disponibilizar uma plataforma de cursos gratuitos online e vai realizar programas de formação técnica.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, agradeceu à Microsoft após o anúncio e afirmou que o investimento vai promover inovação no país. Ele também sugeriu que o Brasil poderá ser protagonista em IA, a partir da oferta de energia necessária para rodar a infraestrutura para a tecnologia.
"A IA precisa de energia. A pergunta é: o mundo tem energia suficiente para a IA? O Brasil tem. Nós temos energia abundante e a energia mais limpa do mundo. Nós vamos atrair muito investimento para o Brasil para o desenvolvimento e inovação" apontou Alckmin, que acrescentou que a inteligência irá reduzir custos e melhorar a produtividade na indústria.
No país, Nadella destacou que teve encontros com representantes de empresas, como Bradesco e o Hospital Albert Einstein, e com integrantes do Banco Central para tratar do Drex, moeda digital em desenvolvimento pelo BC. Ele destacou os avanços que a instituição e as companhas têm tido com o uso do Copilot, o pacote de serviços de IA da Microsoft.
Essa é a terceira vez que o CEO da Microsoft visita o Brasil. Nadella iniciou a apresentação destacando o crescimento exponencial da capacidade de aprendizado de máquina ao longo dos anos, com uma aceleração maior nos últimos cinco anos. Ele enfatizou que o ganho de escala dessas tecnologias é impulsionado pela combinação de poder computacional, dados, inovação em aplicações e algoritmos avançados.
Agentes da Microsoft
A maior parte da apresentação de Nadella foi dedicada a destacar os avanços do Copilot, o assistente de IA da Microsoft desenvolvido em parceria com a OpenAI,. que integrado aos programas da companhia, como os do Pacote Office (Word, Excel, PowerPoint). O sistema também é ferecido para empresas, onde pode ser personalizado.
O executivo enfatizou os avanços da empresa em oferecer, com o Copilot, os serviços de "agentes", robôs de IA que podem realizar tarefas de maneira autônoma. Nadella costuma dizer que esses sistemas autônomos vão operar como colegas de trabalho de humanos.
"Devemos pensar nos agentes como pessoas que trabalham não apenas para indivíduos, mas para organizações inteiras, automatizando processos empresariais" disse o executivo, que destacou que os robôs podem trabalhar em áreas como recursos humanos, finanças e marketing. "Esses agentes trabalharão em toda a sua empresa, desde o atendimento ao cliente até as operações internas."
Os agentes podem realizar tarefas a partir dos dados compartilhados pelos usuários e da customização que é feita com a interface do Copilot, o que programa o robô para executar funções pré-definidas, como gerenciar relatórios ou responder a clientes.
Ao auditório, o CEO da Microsoft explicou que a operação dos agentes envolve três camadas. A primeira é a interface, onde o Copilot facilita a interação com a IA. A segunda é a plataforma que permite que empresas e usuários criem seus agentes personalizados e a última são os dispositivos integrados com IA, como computadores, que vão melhorar essa interação.
Nadella completou dez anos à frente da Microsoft em fevereiro. Nesse período, a companhia deu um salto de crescimento e redirecionou os negócios. Para além da oferta de softwares, tornou-se uma das maiores provedores de serviços de nuvem e, mais recentemente, de inteligência artificial. O avanço da companhia em IA tem sido impulsionado pela parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT.
Na última década, o valor de mercado da Microsoft subiu dez vezes. Neste ano, o valor fica no patamar dos US$ 3,2 trilhões, como uma das empresas mais valiosas do mundo, atrás apenas da Apple.