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Acolher: estratégia para inclusão de crianças neuroatípicas

Com terapias especializadas, Grupo Acolher está na vanguarda do acolhimento de alunos dentro do espectro autista

Fachada Grupo Acolher - Clarice Melo/Folha de Pernambuco

Em todo o mundo, a inclusão e o acolhimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm se tornado uma pauta essencial no contexto educacional. No Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, o Grupo Acolher, através de uma clínica com terapias especializadas, está na vanguarda desse movimento. 

Sob a coordenação da psicóloga Elizabeth Chagas, o Grupo Acolher é referência no apoio a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e oferece uma abordagem holística extensiva que abrange escola, clínica e família.

Através dessa abordagem, o grupo busca não apenas focar nos sintomas específicos das condições atípicas, mas também criar um ambiente de acolhimento que envolve a criança e os universos sociais onde ela está inserida.

“Nosso trabalho vai além do suporte clínico tradicional. Nós atuamos nessas três frentes: escola, casa e clínica, para formar um tripé essencial para o desenvolvimento das crianças com TEA”, explica Elizabeth. 

Multidisciplinar
O grupo trabalha de forma multidisciplinar, com terapias como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Musicoterapia, Terapia Psicomotora, entre outras.

Dentre essas, um dos destaques é a terapia ABA, abreviação do termo em inglês “Applied Behavior Analysis” (Análise do Comportamento Aplicada), que visa trabalhar comportamentos essenciais para a vida social das pessoas neuroatípicas. 

Reconhecida como uma das abordagens mais eficazes no tratamento do TEA, a ABA utiliza princípios de aprendizagem e motivação para desenvolver habilidades sociais, de comunicação e comportamentais.

“Cada criança é única, e nós adaptamos o plano terapêutico às necessidades específicas de cada uma. A ABA, por exemplo, tem mostrado resultados impressionantes ao integrar crianças com TEA na dinâmica escolar. É possível observar nos pacientes que passam por essa terapia um progresso significativo em termos de socialização, comunicação e aprendizado”, detalha Elizabeth. 

Bruno Henrique, de cinco anos, carinhosamente chamado de Bruninho, é um dos exemplos que ilustram o impacto positivo da terapia ABA. Diagnosticado com TEA há dois anos, ele encontrou na clínica um ambiente acolhedor, onde pôde desenvolver suas habilidades e superar desafios.

A administradora Cleicekelle Silva, mãe de Bruno, conta como o apoio transformou a vida do filho, permitindo que ele desenvolvesse e aprimorasse a socialização e o aprendizado. 

“A evolução de Bruninho é extraordinária. Ele aprendeu a socializar, a se comunicar melhor e a lidar com situações que antes o deixavam muito ansioso. Antes, ele sentava sozinho com os ursinhos de pelúcia na escola. Hoje, tem amigos e já consegue expressar os sentimentos”, conta a mãe.

Cleicekelle Silva e o filho Bruno, paciente do Grupo Acolher. Foto: Clarice Melo/Folha de Pernambuco.

Necessidades
Além das terapias na clínica, o Acolher também atua nas escolas para garantir que as necessidades das crianças sejam atendidas. Isso inclui, além do acompanhamento constante de profissionais especializados, a presença da assistente terapêutica (AT) em sala de aula, a adaptação de materiais pedagógicos e a criação de planos educacionais individualizados.

“Não adianta trabalharmos apenas com a criança em um ambiente controlado. A inclusão de verdade acontece quando a escola e a família estão preparadas para lidar com as particularidades do TEA”, afirma a coordenadora da clínica.

Elizabeth Chagas, psicóloga e coordenadora da clínica do Grupo Acolher. Foto: Clarice Melo/Folha de Pernambuco.

Segundo a mãe de Bruninho, essa evolução observada no comportamento dele não teria sido possível sem o apoio integral da assistente terapêutica do Grupo Acolher, que acompanha Bruno em suas atividades diárias, seja na escola ou em casa. 

A AT atua como uma extensão das estratégias desenvolvidas pela equipe clínica, adaptando-as à rotina de cada criança, o que possibilita um desenvolvimento mais harmonioso e natural.

“Ela não só ajuda Bruno a acompanhar as atividades da escola, mas também ensina habilidades para a vida. Ele aprendeu, por exemplo, a se acalmar em momentos de ansiedade, uma habilidade que será essencial para toda a vida. Bruninho é outra criança hoje, aprendeu a socializar, a pedir desculpas quando necessário e até a escrever o nome dos amiguinhos”, diz Cleicekelle. 

Inclusiva
A equipe multidisciplinar do Grupo Acolher - composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e pedagogos - também trabalha em conjunto com a família e as escolas para adaptar os materiais e as metodologias de ensino, garantindo que cada criança tenha acesso a um ensino de qualidade.

Elizabeth Chagas destaca que a adaptação dos materiais de ensino é essencial para que as crianças com TEA possam acompanhar o currículo escolar.

“Cada criança tem suas particularidades e dificuldades específicas. Por isso, também trabalhamos junto às escolas para adaptar os materiais e as metodologias de ensino, de forma que essas crianças possam participar ativamente das aulas. Essas adaptações incluem desde a simplificação de textos e atividades até a utilização de recursos visuais e tecnológicos que facilitem a compreensão e a interação das crianças”, relata. 

O Plano Educacional Individualizado (PEI) é uma das ferramentas de adaptação para ensino utilizada pelo grupo. Ele é elaborado com base em uma avaliação das habilidades e necessidades da criança e inclui objetivos específicos de aprendizagem, estratégias de ensino personalizadas e métodos de avaliação adaptados.  

“O PEI nos permite acompanhar de perto o progresso da criança e ajustar as intervenções conforme necessário, garantindo que ela esteja sempre evoluindo”, explica Elizabeth.

Apesar dos avanços na educação para melhorar a vida e o aprendizado de crianças com TEA, Elizabeth Chagas reconhece que o caminho para uma inclusão total ainda é longo.  

“A verdade é que ainda enfrentamos muitos desafios na área da educação inclusiva. Nem todas as escolas estão preparadas para lidar com as necessidades de crianças com TEA, e o acesso a tratamentos especializados ainda é limitado para muitas famílias. Precisamos de uma abordagem mais ampla e integrada, que envolva não apenas as escolas, mas também políticas públicas eficazes e o apoio contínuo da família e profissionais especializados”, conclui a psicóloga.

Fonte: Grupo Acolher/Folha de Pernambuco.