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Israel bombardeia alvos no Líbano e na Síria antes de discurso de Netanyahu na ONU

Primeiro-ministro israelense é alvo de pressões opostas de aliados externos e internos, que exigem, respectivamente, um cessar-fogo e uma intensificação dos conflitos

Homem vasculha casa em ruínas após bombardeio israelense na região de Baalbeck, no leste do Líbano - AFP

As Forças Armadas de Israel (FDI) voltaram a bombardear alvos no Líbano e na Síria na manhã desta sexta-feira, horas antes do esperado discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral da ONU. Em meio aos apelos internacionais por contenção e uma desescalada que impeça uma guerra regional, os militares israelenses afirmaram ter matado integrantes da cadeia de comando do Hezbollah, ao passo que autoridades libanesas afirmam que os ataques continuam a fazer vítimas civis — incluindo nove pessoas da mesma família. O movimento xiita libanês lançou novos projéteis contra Israel, com relato de feridos.

Seguindo a regra dos últimos dias, as forças israelenses e do Hezbollah trocaram ataques pela fronteira desde a madrugada. Em um dos primeiros bombardeios israelenses do dia, na cidade de Shebaa, no sul do Líbano, autoridades locais afirmaram que nove pessoas da mesma família morreram, incluindo quatro menores de idade. O Exército afirmou que dezenas de alvos ligados à infraestrutura do Hezbollah foram atingidos — incluindo bases de lançamento de foguetes utilizadas durante a manhã pelo movimento libanês para disparar contra o país, incluindo Haifa.

 

Mais ao norte, na Síria, o Ministério da Defesa do regime de Bashar al-Assad afirmou que cinco soldados morreram em um novo ataque israelense contra o país — na quinta-feira, Israel havia anunciado que bases na fronteira do Sírio-libanesa foram bombardeadas. Embora as forças regulares sírias não tenham atacado Israel ao longo da guerra, o Estado judeu acusa o país de servir de base para ataques lançados pelo Hezbollah e de servir como um corredor para a chegada de armamentos iranianos à milícia libanesa. O regime de Assad é parte do Eixo da Resistência, aliança informal liderada pelo Irã que tem como agenda a oposição à influência do Ocidente na região e ao Estado de Israel.

Ataques contra Israel também foram lançados do sul do Oriente Médio. Rebeldes Houthis — outro grupo do Eixo da Resistência — confirmaram ter disparado contra o Estado judeu. O grupo atua em solidariedade ao Hamas desde os primeiros dias da guerra em Gaza, tendo a atuação mais forte em ataques a embarcações consideradas pró-Israel no Mar Vermelho. Informações da TV Al-Arabiya dão conta de que o chefe do sistema de drones do Hezbollah morto na quinta-feira, Mohammed Srur, esteve no Iêmen há três dias.

A maioria dos projéteis disparados contra Israel foram abatidos pelos sistemas de defesa israelenses ou caíram em áreas abertas, indicaram os militares. Ainda assim, há relatos de feridos, como em Tiberíades, onde um homem de 25 anos ficou ferido.

As novas hostilidades acontecem às vésperas do discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, marcado para a manhã desta sexta-feira. Sob pressões opostas de aliados no exterior para reduzir as tensões regionais — incluindo uma proposta franco-americana para uma trégua de 21 dias no Líbano, inicialmente recusada —, e de integrantes de sua coalizão de governo para manter a pressão total contra o Hezbollah e o Hamas, o discurso em Nova York pode trazer sinais sobre a abordagem israelense.

Autoridades ocidentais, incluindo o presidente americano, Joe Biden, fizeram apelos nos últimos dias para que Israel busque a via diplomática para solucionar suas questões de segurança na fronteira com o Líbano. Embora Washington tenha defendido o direito israelense de se defender, a Casa Branca tenta atuar para uma desescalada, tanto em Gaza quanto no norte, patrocinando a ideia de um cessar-fogo.

Tanto Netanyahu como integrantes da alta-cúpula do governo israelense foram taxativos em rejeitar qualquer acordo na quinta-feira, após a discussão vir a público. A rapidez e a forma da negativa das autoridades surpreendeu as autoridades em Washington. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a crença nos EUA era de que Israel estava de acordo com a proposta de negociação, envolvendo três semanas de pausa no conflito.

— Tínhamos todos os motivos para acreditar que, na elaboração e na entrega, os israelenses estavam totalmente informados — disse ele sobre a proposta, em uma entrevista coletiva. — Totalmente informados e totalmente cientes de cada palavra nele. E não teríamos feito isso, como eu disse, se não acreditássemos que seria recebido com a seriedade com que foi composto.