Sogro de Lady Di, empresário Mohamed Al Fayed é alvo de 60 denúncias por agressões sexuais
Ex-proprietário da Harrods e falecido em agosto de 2023, tinha fortuna estimada em mais de R$ 10,9 bilhões
Cerca de 60 mulheres se apresentaram para alegar que foram abusadas sexualmente pelo ex-proprietário da Harrods, Mohamed Al-Fayed, disseram seus advogados nesta sexta-feira.
"A resposta foi simplesmente enorme... Podemos confirmar que agora representamos 60 sobreviventes como parte de nossa ação, com mais por vir", disseram os advogados em um comunicado.
Os profissionais confirmaram que irão entrar com uma ação civil contra a famosa loja de luxo de Londres.
— Chegou a hora da justiça — disse a advogada norte-americana Gloria Allred, que faz parte do grupo que cuida do caso, numa conferência de imprensa em Londres.
O advogado Dean Armstrong KC disse que houve uma violação “abjeta” da responsabilidade corporativa por parte da Harrods. O bilionário, que morreu em 2023 aos 94 anos, vendeu a loja de departamentos em 2010 ao fundo Qatar Investment Authority.
Outro advogado, Bruce Drummond, afirmou que há vítimas de Al Fayed "em todo o mundo" e encorajou outras mulheres agredidas pelo magnata egípcio a denunciarem os seus casos. Al-Fayed era "um monstro que sabia agir graças a um sistema", denunciou Dean Armstrong.
— Se a administração da Harrods acredita que deveria indenizar financeiramente estas mulheres... Claro, isso é algo que agradeceríamos, mas não aceitaremos que sejam acusadas de estarem interessadas apenas em dinheiro — acrescentou.
Antigo dono da luxuosa loja, o magnata Mohamed Al-Fayed foi acusado de cometer abusos sexuais contra várias ex-funcionárias — vinte disseram à BBC ter sido alvo de violação sexual por parte do chefe, e cinco delas citaram casos de estupro. Após a divulgação das denúncias, outras mulheres revelaram ter passado por situações semelhantes.
As mulheres ouvidas no documentário também disseram que quem trabalhava diretamente para o bilionário era submetido a exames médicos, como "testes invasivos de saúde sexual". Os resultados eram entregues a Al-Fayed.
— Não há benefício para ninguém saber qual é minha saúde sexual, a menos que você esteja planejando dormir com alguém, o que eu acho bem assustador agora — relata Katherine, assistente executiva do magnata em 2005.
Al-Fayed costumava caminhar pelos andares do estabelecimento à procura de "jovens assistentes", que, se achasse "'atraentes", seriam promovidas para trabalhar perto do escritório dele. O comportamento expõe uma das táticas de um bilionário descrito como "predador". A rede britânica BBC colheu depoimentos de mais de 20 ex-funcionárias que apontaram agressões sexuais — incluindo estupro — por parte do chefe, morto aos 94 anos, em setembro de 2023.
Polêmicas após as mortes de Diana e Dodi
Al Fayed chegou a apontar a família real como a culpada pela morte de seu filho, Dodi al Fayed, e da princesa Diana, no acidente em 1997.
Em 2008, ele afirmou, como testemunha da investigação, que a família real britânica de desejava "livrar-se" da princesa Diana, que namorava seu filho, que também morreu na batida de carro. Em meio ao inquérito, o proprietário da loja de departamentos Harrods lançou acusações contra o príncipe Charles, ex-marido da princesa, e contra o príncipe Philip, ex-sogro dela e marido da rainha Elizabeth II.
"Ela (a princesa Diana) falou comigo pessoalmente a respeito de seus temores, tanto antes quanto durante as férias que os dois passaram juntos em julho de 1997", afirmou Fayed em uma declaração escrita enviada à corte encarregada da investigação. "Ela me disse que sabia que Philip e o príncipe Charles desejavam livrar-se dela."
Diana, de 36 anos, Dodi, de 42, e o motorista Henri Paul, um funcionário de Fayed, morreram quando a limusine Mercedes no qual estavam bateu dentro de um túnel de Paris, em agosto de 1997. A colisão aconteceu enquanto o carro tentava escapar de paparazzi que os perseguiam após terem saído do Hotel Ritz.