ASTRONOMIA

Cometa do século: saiba como e quando observar passagem do fenômeno

Cometa atingirá seu periélio, ponto mais próximo do Sol, na madrugada deste sábado (28)

Cometa do século poderá ser visto a olho nu - Matthew Dominick/Nasa

Chamado de "cometa do século", o C/2023 A3 (Tsuchinschan-Atlas) chega ao periélio, ponto de maior proximidade da sua órbita em relação ao Sol, nas primeiras horas deste sábado (28). Raro, o cometa passa pelo Sistema Solar a cada 80 mil anos.

O fenômeno poderá ser visto a olho nu, a depender da intensidade do seu brilho, e terá possibilidade de observação em Pernambuco e em todo o Brasil. A visualização, claro, também necessita de condições climáticas favoráveis. 

Entusiastas da Astronomia estão com as atenções voltadas para a passagem do cometa, grandes objetos feitos de poeira, pedras, gelo e gases que orbitam o Sol, O fenômeno é um dos mais aguardados deste ano justamente por conta de seu brilho intenso.

O corpo celeste foi descoberto em janeiro de 2023 pelo observatório chinês Tsuchinshan e confirmado posteriormente pelo Sistema de Alerta Último de Impacto Terrestre de Asteroide (Atlas, na sigla em inglês).

O coordenador de Astronomia do Espaço Ciência, Cleiton Batista, explica que o cometa poderá ser visto no céu como um pequeno ponto brilhante desfocado pouco antes do nascer do sol

"Para observar o cometa do século, é preciso ter a direção leste (onde o Sol nasce) sem obstáculos e descampada. A partir das 3h40, ele surge ao horizonte, sendo possível observar a olho nu. Astronomicamente falando, ele estará visível na constelação do Sextante", detalha o especialista. 

Cometa do século foi descoberto no ano passado (Foto: Wikimedia)

O uso de aplicativos gratuitos como Stellarium, Sky Map e Skyview pode ajudar o observador a localizar a direção em que o cometa estará visível. Objetos como binóculos e telescópios também devem auxiliar na visualização.

"Esse cometa está sendo chamado de cometa do século exatamente por conta do seu brilho. Além disso, é o objeto que a gente vai ter uma melhor visualização no século XXI, daí o nome 'cometa do século'", acrescentou Cleiton Batista.

A aproximação com o Sol é um momento crítico e a comunidade astronômica acredita que o cometa pode se desintegrar por conta disso. Essa possibilidade, no entanto, é incerta e a expectativa é que ele siga visível até outubro. 

O último cometa de brilho tão intenso, o Hale-Bopp, passou próximo à Terra em 1997, na segunda metade do século XX.

A milhões de quilômetros
De acordo com o Observatório Nacional, o periélio do cometa terá uma distância de 0,391 Unidades Astronômicas (UA) — o equivalente a 58.492.767 de quilômetros. Já a máxima aproximação com a Terra será em 13 de outubro, a 0,472764 UA (70.724.459 de quilômetros).

"O cometa voltará a ficar muito próximo do Sol entre 7 e 11 de outubro. Em seguida, se afastará novamente e, a partir de então, o cometa poderá ser visto logo após o pôr do sol [a oeste]", detalha o astrônomo do Observatório Nacional Filipe Monteiro.

A expectativa é que, após 12 de outubro, o cometa atinja o seu brilho máximo, com possibilidade de atingir uma magnitude de 3,0 ou 2,0 — quanto menor for esse número, maior o brilho do objeto. 

O cometa do século tem órbita retrógrada e parabólica, que o faz se mover na direção oposta à maioria dos corpos celestes do sistema solar, ainda segundo o Observatório Nacional.

Observação do cometa do século
Antes do amanhecer:
até 7 de outubro, com a aproximação do cometa do Sol e da Terra, a visualização será possível pouco antes do nascer do sol, a leste;

Ofuscado pelo sol: entre os dias 7 e 11 de outubro, a proximidade maior do Sol irá dificultar a observação devido à intensidade do brilho do astro-rei;

Depois do pôr-do-sol: ao voltar a se afastar do Sol, sua posição no céu mudará e o cometa do século poderá ser visto após 12 de outubro logo após o pôr-do-sol, a oeste, perto do horizonte.  

"A maior dificuldade será encontrar um lugar com o horizonte oeste livre, visto que o cometa está muito baixo no céu, numa altura de até 30 graus", completa o astrônomo Felipe Monteiro.