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Esuda: nova perspectivas e provocações para a Educação Superior

Para driblar dificuldades, Esuda passou a operar com um "tripé educacional" que integra os pilares: qualidade de ensino, preço acessível e experiência completa para os alunos

O administrador Wilson José Moura Barreto, diretor-geral da Faculdade Esuda. - Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Para diversos especialistas e profissionais, a educação superior no Brasil vem enfrentando uma série de desafios que vão além da sala de aula. A queda nas mensalidades, a desmotivação dos alunos e a necessidade de transformar a experiência acadêmica são questões que têm exigido soluções criativas das instituições de ensino.

Desta forma, enquanto muitos alunos encaram o diploma como um simples requisito profissional, as universidades têm lutado para resgatar o valor do aprendizado e criar um ambiente que motive os estudantes a se engajarem.

Em meio a esse cenário complexo, instituições de ensino têm buscado estratégias inovadoras para se manterem relevantes e oferecerem uma educação de qualidade.

O administrador Wilson José Moura Barreto, diretor-geral da Faculdade Esuda, localizada no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, compartilha sua visão sobre esses desafios, as soluções que sua instituição tem adotado para superá-los e as perspectivas que ele enxerga para o futuro da educação superior no Brasil.

Desafios
Para Wilson, o primeiro grande desafio da educação superior hoje é o sentimento de pertencimento dos alunos. Ele reflete sobre como, no passado, a experiência universitária ia além das aulas — os alunos participavam de grupos de estudo e atividades dinâmicas, o que criava uma conexão mais profunda com a instituição.

Atualmente, essa sensação de pertencimento diminuiu, especialmente devido à mudança no comportamento das novas gerações, que buscam experiências amplas, imediatas, e não apenas uma educação formal.

“O aluno hoje quer mais do que só estudar. Ele quer uma experiência completa, como a que tem em um shopping, por exemplo — onde ele não vai só para comprar, mas também para passear, comer e se divertir”, comenta Wilson.

Ele pontua que a busca por experiências mais completas e diversificadas é uma característica marcante da geração atual, e isso afeta diretamente o engajamento nas aulas.

Para fortalecer vínculos dos alunos, foram criados espaços onde o ele  pode relaxar, além de locais para a prática de yoga, recreação e jogos. Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco. 

Financeiro
Outro desafio pontuado pelo administrador é o fator financeiro. Wilson destaca que a pressão por mensalidades mais baixas, impulsionada pela massificação do ensino superior, compromete a capacidade das instituições de manterem a qualidade.

Barreto cita o exemplo de cursos que, há 20 anos, custavam significativamente mais do que hoje, mesmo com o aumento nos custos operacionais.

“A matemática é simples: com mensalidades cada vez menores e custos de operação aumentando, manter a qualidade do ensino se torna um exercício complicado”, ressalta Wilson.

Essa situação tem impactado, por exemplo, na remuneração dos professores, que muitas vezes acabam com salários congelados por anos.

Além disso, Wilson também aponta para um cenário de mudança cultural significativa: muitos alunos veem o diploma como o principal objetivo, em detrimento do aprendizado em si. O diretor da Esuda lamenta que, para muitos, o foco esteja mais em obter o certificado necessário para uma promoção ou uma vaga de emprego, do que em adquirir conhecimento.

“Antigamente, a gente estudava para aprender, e o diploma era uma consequência desse aprendizado. Hoje, o diploma virou o fim, e o aprendizado,o meio, fica como fator secundário”, observa o educador.

Soluções
Para enfrentar esses desafios, a instituição de Wilson tem apostado em criar um ambiente mais acolhedor e repleto de experiências para os alunos, incentivando o pertencimento e o engajamento com o campus.

“Nós estamos investindo em espaços que proporcionem mais do que apenas o estudo. Criamos uma sala de leitura na biblioteca onde o aluno pode relaxar e ler deitado, além de espaços para a prática de yoga, alongamento, entre outros”, exemplifica o gestor.

Além das experiências recreativas, a instituição tem procurado oferecer aos alunos oportunidades de cuidado com o bem-estar, como aulas de pilates, e serviços como acupuntura e ventosas.

“O aluno precisa sentir que o ambiente da faculdade oferece mais do que conhecimento. Ele precisa de um lugar para relaxar e se sentir bem”, enfatiza Wilson Barreto.

Na questão financeira, a solução adotada pela instituição tem sido otimizar os recursos e cortar custos onde é possível, sem comprometer a qualidade do ensino.

“Estamos sempre buscando maneiras de fazer com que os alunos tenham uma experiência educacional de qualidade, mesmo em um cenário de baixas mensalidades”, explica Wilson.

Gráfico
Para ilustrar melhor os desafios e estratégias que vêm sendo adotadas, Wilson desenvolveu um gráfico que acompanha a evolução da instituição desde o início da pandemia até o momento. 

Segundo ele, a partir do primeiro semestre de 2023, a Esuda passou a operar com base em um conceito que ele chama de “tripé educacional”, que integra os pilares fundamentais: qualidade de ensino, preço acessível e experiência completa para os alunos.

“Esse tripé é o que guia nossas ações e nos faz enxergar os melhores caminhos e soluções”, afirma Wilson. 

O gestor acredita que o equilíbrio desses três elementos é essencial para enfrentar as complexidades do ensino superior atual, oferecendo um ambiente que atraia e retenha os estudantes, sem comprometer a sustentabilidade financeira da instituição.

Futuro
Wilson acredita que, apesar do cenário atual, a busca pelo conhecimento voltará a ter o valor que merece no futuro. Para ele, o momento é sazonal, e as grandes empresas e a sociedade, em breve, voltarão a dar prioridade à qualificação acadêmica.

“O diploma pode ter perdido um pouco do valor, mas as empresas mais antenadas já perceberam que o desenvolvimento interpessoal e o conhecimento prático têm um peso muito maior do que o simples papel”, reflete o especialista.

Ele destaca o exemplo dos Estados Unidos, onde a educação superior ainda é vista como um espaço para mentes brilhantes, e a pesquisa científica continua avançando rapidamente.

“A China pode estar avançando economicamente, mas quando falamos em inovação, em prêmios Nobel, ainda vemos o predomínio dos americanos e europeus”, afirma Wilson, que defende que o Brasil precisa investir mais em educação , conteúdo e conhecimento de qualidade para avançar como nação.

Por fim, ele reforça a importância da excelência acadêmica como uma meta, mesmo em tempos em que o foco parece ter mudado. “Tudo é sazonal. Uma hora, o conhecimento vai voltar a ser essencial. E quem estiver preparado, quem tiver realmente se dedicado, vai estar muito à frente”, conclui o diretor da Esuda.