Negócios

Petrobras negocia exploração em blocos de petróleo na África com Exxon, Shell e Galp

Estatal avalia 10 oportunidades de parceria em países como Namíbia, África do Sul e Angola, segundo a diretora-executiva de Exploração e Produção, Sylvia dos Anjos

Petrobras avalia um total de 10 oportunidades de parceria com grandes petrolíferas na África para capitalizar com sua experiência no desenvolvimento de poços em águas profundas - Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras está em negociações para comprar participações em blocos de exploração africanos de empresas como Exxon, Shell, TotalEnergies e Equinor.

As discussões são sobre blocos em países como Namíbia, África do Sul e Angola, disse em entrevista a diretora-executiva de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos.

A Petrobras avalia um total de 10 oportunidades de parceria com grandes petrolíferas na África para capitalizar com sua experiência no desenvolvimento de poços em águas profundas, disse Sylvia.

O campo Mopane da Galp Energia, na Namíbia, é uma das opções em que a Petrobras está buscando comprar uma participação de 40% para se tornar a operadora da promissora descoberta offshore.

A maior produtora de petróleo da América Latina adquiriu recentemente participações minoritárias em três blocos da Shell em São Tomé e Príncipe, duas ilhas vulcânicas na costa da África central que mostraram similaridades geológicas com a Guiana.

Procuradas pela reportagem, Galp, Exxon, Shell e Equinor não quiseram comentar. A TotalEnergies não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.

Prejuízo, investimento menor e dividendos: Veja os principais destaques do 1º balanço da Petrobras sob direção de Magda

O interesse na África é parte de uma mudança mais ampla na Petrobras, que estava se concentrando exclusivamente em campos de águas profundas no Brasil, na chamada região do pré-sal.

A maioria das descobertas comerciais foram feitas no início deste século e a exploração recente não tem dado muito resultado, o que leva a Petrobras a se voltar para outras bacias no Brasil e no exterior.

Além da África, a companhia também está de olho na região de petróleo e gás de xisto de Vaca Muerta, na Argentina, informou a diretora.

Geologia semelhante
O Brasil tem áreas que são geologicamente semelhantes à Namíbia, onde há otimismo de que o país possa virar outra Guiana, onde uma descoberta gigante de petróleo transformou a economia da nação pouco povoada.

A África estava conectada à América do Sul antes que os dois continentes começassem a se separar há 100 milhões de anos e a geologia do outro lado do Atlântico é uma escolha natural para Petrobras .

O CEO da Shell, Wael Sawan, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Nova York esta semana, um sinal de maior cooperação. Enquanto isso, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse em conferência no Rio de Janeiro que está aberto a parcerias com Petrobras no exterior.

— Ele bateu na nossa porta — afirmou Sylvia dos Anjos.

Vaca Muerta
Sylvia confirmou que a Petrobras está buscando acordos em Vaca Muerta, como parte de um plano para aumentar o fornecimento de gás natural, e manteve conversas com Tecpetrol e YPF, que querem dividir os custos de desenvolvimento com um parceiro, disse ela.

Acelen: Empresa ligada ao fundo Mubadala Capital planeja projeto de US$ 3 bilhões na Bahia para criação de biorrefinaria

A Petrobras quer aumentar as importações de gás natural através da Bolívia para abastecer a indústria local, usinas e dar início à produção de fertilizantes:

— Avaliaremos a viabilidade e os riscos. Faz parte do negócio garantirmos nosso próprio gás.

A YPF não quis comentar. A Tecpetrol não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os fundos para financiar quaisquer acordos viriam dos US$ 11 bilhões que a empresa reservou para aquisições em seu plano de investimentos de US$ 102 bilhões em cinco anos.

Símbolo da Lava-Jato: Petrobras inaugura Comperj 16 anos após o início das obras

A diretora de exploração e produção da Petrobras descartou retornar à Venezuela. A estatal enviou uma delegação para visitar campos de petróleo no país a pedido do presidente Nicolás Maduro, mas, segundo Sylvia, as áreas oferecidas apresentam muitos problemas ambientais.

— Não se trata só de política. O Lago Maracaibo é de chorar de tanto óleo dentro. A Petrobras não pode se expor em um ambiente assim — ressaltou.

Sylvia dos Anjos acrescentou que uma das principais prioridades da Petrobras é obter licenças para explorar a bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial, onde a indústria tem expectativas de descobertas semelhantes às que a Exxon fez na Guiana.