Pesquisa

Atividades manuais de lazer podem melhorar a saúde mental tanto quanto ter um emprego, mostra estudo

O trabalho foi publicado na revista científica Frontiers in Public Health

Homem construindo peça de cerâmica - Tomaz Silva/Agência Brasil

Atividades como fazer crochê, pintar quadros e outras habilidades manuais com artesanato podem contribuir para o bem-estar tanto quanto ter um emprego, de acordo com um estudo publicado na revista científica Frontiers in Public Health.

Anteriormente, outras pesquisas mostraram que o hobby envolvendo esses tipos de atividades é benéfico como tratamento terapêutico para pessoas com condições envolvendo a saúde mental diagnosticadas.

Dessa forma, o grupo de pesquisadores da Anglia Ruskin University, na Inglaterra, queria entender se a população sem doenças diagnosticadas também se beneficiava desse tipo de passatempo. Para isso, dados de 7.182 pessoas (todas acima dos 16 anos), recolhidos no Reino Unido no período entre 2019 e 2020, foram analisados.

Eles fazem parte de uma grande pesquisa feita anualmente pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido através de questionários.

Dentre os participantes, 37,4% dos entrevistados afirmaram ter realizado pelo menos uma atividade de artesanato no último ano.

Esse grupo relatou níveis mais altos de felicidade e satisfação com a vida, bem como um senso mais forte de que a vida vale a pena. Para eles, essa sensação foi tão significativa quanto estar empregado.

“Artesanato e outras atividades artísticas mostraram um efeito significativo na previsão da sensação das pessoas de que sua vida vale a pena. De fato, o impacto do artesanato foi maior do que o impacto de estar empregado. O artesanato não só nos dá uma sensação de realização, como também é uma rota significativa para a autoexpressão. Esse nem sempre é o caso com o emprego”, explicou a autora principal Helen Keyes, em comunicado.

A equipe acredita que isso acontece porque através das atividades manuais é possível ver o fruto do próprio trabalho diante dos seus olhos. Para Heyes, isso pode ser ser utilizado como uma abordagem de promoção ao bem-estar e à saúde mental.

“É ótimo focar em uma tarefa e envolver sua mente criativamente”, acrescenta a autora.

Por outro lado, a pesquisa não encontrou a causalidade direta entre as duas coisas. Novas pesquisas serão necessárias para confirmar como se dá este processo.

“Não podemos saber com certeza se o artesanato está causando diretamente esse aumento no bem-estar. O próximo passo seria realizar um estudo experimental onde mediríamos o bem-estar das pessoas antes e depois de períodos significativos de artesanato”, conclui Keyes.