TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO

Após eliminar cúpula do Hezbollah, Israel rebate ataques vindos do Iêmen

Segundo os militares israelenses, as mortes significam a eliminação de quase toda a cadeia de comando do Hezbollah

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em discurso na ONU - Charly Triballeau/AFP

O ataque de Israel que assassinou o maior líder da milícia, Hasan Nasrallah, na sexta-feira, matou outros 20 chefes do Hezbollah. As mortes foram confirmadas neste domingo, 29, pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês), que direcionaram uma nova ofensiva contra grupos armados da região apoiados pelo Irã. Os ataques foram lançados contra os houthis, no Iêmen.

Segundo os militares israelenses, as mortes significam a eliminação de quase toda a cadeia de comando do Hezbollah.

Entre eles, estão o líder do grupo no sul, o chefe da unidade de segurança e um conselheiro veterano de Nasrallah. O possível sucessor da liderança da milícia, Nabil Qaok, também morreu em um ataque de Israel no sábado. O Hezbollah confirmou todas as baixas.

Neste domingo, os dois lados realizaram novos ataques. Israel bombardeou áreas no leste do Líbano onde estariam estruturas do Hezbollah.

O Ministério da Saúde do Líbano afirmou que o ataque matou mais de 100 pessoas e deixou outras 350 feridas. A autoridade também informou que cerca de 500 mil pessoas precisaram sair de suas casas ao longo da semana.

O Hezbollah, que promete manter os ataques contra Israel, lançou mísseis contra as Colinas do Golã, ocupadas por Israel na Síria. Nenhum incidente foi relatado. De acordo com o IDF, oito mísseis do grupo caíram em áreas não povoadas.

Iêmen
Os militares israelenses também lançaram ataques contra estruturas dos rebeldes houthis, baseados no Iêmen. As bombas atingiram usinas de energia e um porto utilizado pelo grupo xiita, que é aliado do Hezbollah e do Irã. A ofensiva acontece após os houthis terem disparado mísseis contra Israel nos últimos dias, em apoio ao Hezbollah.

O grupo rebelde faz parte do 'Eixo de Resistência' e se envolveu na guerra contra Israel desde o início da campanha militar na Faixa de Gaza em resposta ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Eles se concentraram em ataques no Mar Vermelho contra embarcações de nações aliadas de Israel, atos que afetaram o comércio global.

Em pronunciamento, o IDF afirmou que os ataques aos houthis foram resposta à ação do grupo no último ano. "Os houthis operam sob a direção e financiamento do Irã, e em cooperação com milícias iraquianas, a fim de atacar o Estado de Israel, prejudicar a estabilidade regional e interromper a liberdade global de navegação", disseram os militares.

Tensões com Irã
O Irã, que reforçou a segurança do aiatolá Ali Khamenei, seu líder supremo, após a morte de Nasrallah, disse que os assassinatos "não ficarão sem resposta". O presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Baqer Qalibaf, afirmou que os grupos armados alinhados ao Irã, caso dos houthis, continuarão a confrontar Israel após as mortes dos comandantes do Hezbollah.

Apesar do tom das declarações das autoridades iranianas, o último pronunciamento do aiatolá Ali Khamenei, após a morte de Nasrallah, adotou cautela. Khamenei lamentou os ataques no Líbano, mas não prometeu retaliação.

Reações
A Casa Branca quer um cessar-fogo e uma solução diplomática, disse o porta-voz de segurança nacional do presidente Biden, John Kirby, ao canal CNN.

Kirby alertou que o Hezbollah deve se reconstruir, apesar do golpe com a morte de Nasrallah. "Se você quer levar essas pessoas de volta para casa com segurança, acreditamos que o caminho diplomático é o caminho certo", disse.

O papa Francisco afirmou que os ataques na Faixa de Gaza e no Líbano são imorais e desproporcionais, e que o domínio militar israelense foi além das regras da guerra. O papa não mencionou Israel diretamente, mas citou que "a defesa deve ser sempre proporcional ao ataque". "Quando há algo desproporcional, há uma tendência dominante que vai além da moralidade", declarou em viagem à Bélgica.