JOGOS

Google e Samsung são acusadas de conluio pela Epic Games, criadora da Fortnite

Estúdio de games alega que gigante de buscas está tentando preservar sua dominância de mercado com a ajuda da maior fabricante de smartphones Android do mundo

Google - Josh Edelson/AFP

A Epic Games expandiu sua luta antitruste contra a Alphabet, empresa controladora do Google, acusando a gigante da tecnologia de conspirar com a Samsung Electronics para bloquear empresas de aplicativos concorrentes por meio de configurações padrão em dispositivos móveis vendidos em todo o mundo.

A Epic, criadora do jogo Fortnite, venceu um julgamento com júri no ano passado sobre alegações de que o Google monopolizou a distribuição de aplicativos em dispositivos Android, e um juiz planeja ordenar correções para aumentar o acesso e a competição.

Em um processo apresentado nesta segunda-feira no tribunal federal de São Francisco, a Epic alega que o Google agora está buscando preservar sua dominância de mercado com a ajuda da Samsung, a maior fabricante de smartphones Android do mundo.

Segundo o processo, em julho a Samsung afirmou que todos os seus telefones terão uma configuração padrão para um programa destinado a impedir softwares maliciosos, mas que também bloqueará downloads de aplicativos Android que competem com a Google Play Store e a Samsung Galaxy Store, incluindo aqueles lançados este ano pela Epic, Microsoft e outras empresas. Com a nova ação, a Epic está buscando interromper a suposta conduta anticompetitiva e danos não especificados.

‘Segurança’ e ‘Controle do Usuário’
A Epic entrou com o novo processo para impedir que o Google “anule a tão esperada promessa de competição no mercado de distribuição de aplicativos Android”, de acordo com a queixa.

Procurada pela reportagem, a Samsung afirmou que “fomenta ativamente a competição no mercado” e “amplia a escolha do consumidor”. Os recursos embutidos em seus dispositivos “são projetados de acordo com os princípios fundamentais de segurança, privacidade e controle do usuário da Samsung, e continuamos totalmente comprometidos com a proteção dos dados pessoais dos usuários. Os usuários têm a opção de desativar o Auto Blocker a qualquer momento”, disse um porta-voz em um comunicado, referindo-se a um recurso de segurança no centro da disputa.

“Planejamos contestar vigorosamente as alegações infundadas da Epic Games”, disse a Samsung.

Um representante do Google recusou-se a comentar sobre o processo.

Em dezembro, um júri concluiu que as taxas e práticas da Google Play sufocam a concorrência. Agora, o juiz distrital dos EUA James Donato, que presidiu o julgamento, deve decidir sobre mudanças nas políticas da Google Play. Sua ordem pode desestabilizar a economia de aplicativos móveis e acabar custando bilhões de dólares em receita para a gigante da tecnologia.

Durante o julgamento no ano passado, a Epic apresentou evidências mostrando que o Google firmou acordos com a Samsung para manter a dominância da Play Store, que está incluída na tela inicial de todos os celulares Android fora da China. A Epic afirma que a Play Store representa cerca de 80% de todos os aplicativos Android baixados, excluindo a China.

‘Neutralizar’ ameaças competitivas
A Epic afirma que o Google agora está trabalhando com a Samsung para “anular” as determinações de Donato, mesmo antes de o juiz tomar uma decisão.

“Quando confrontado com a ameaça dessas soluções e a iminente entrada de uma concorrência significativa por parte da Epic, Microsoft e outros, o Google convocou sua colaboradora de longa data, a Samsung, para neutralizar essas ameaças competitivas e renovar a proteção da Play Store contra a concorrência”, disse a Epic no processo.

Antes de julho, o recurso Auto Blocker da Samsung era uma opção que os usuários podiam ativar para se proteger contra softwares maliciosos. Agora, ele é uma configuração padrão, deixando a Play Store e a Samsung Galaxy Store como as únicas “fontes autorizadas” para downloads de aplicativos, afirmou a Epic.

“O Auto Blocker praticamente garante a consolidação da dominância do Google sobre a distribuição de aplicativos Android”, alegou a Epic no processo.