EUA

Casa Branca diz que mortos por Helene podem chegar a 600; furacão vira tema eleitoral nos EUA

Fenômeno passou pela Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e do Sul e Tennessee

Chuvas intensas causadas pelo furacão Helene provocaram inundações recordes e danos em 28 de setembro de 2024, em Asheville, Carolina do Norte - Melissa Sue Gerrits/Getty Images via AFP

A chefe da segurança interna dos EUA disse nesta segunda-feira que até 600 pessoas podem ter morrido depois que o furacão Helene causou inundações destrutivas no sudeste dos Estados Unidos.

Até o último balanço, divulgado mais cedo pela CNN, pelo menos 119 pessoas morreram em seis estados desde que o fenômeno atingiu a Flórida na última quarta-feira — o número deve aumentar à medida que as autoridades de resgate avançam nas áreas afetadas.

O furacão virou tema eleitoral nesta segunda-feira, com críticas republicanas à resposta do governo ao assunto e presidenciáveis com viagens aos locais afetados.

— Parece que pode haver até 600 vidas perdidas. Sabemos que há 600 que estão perdidos ou desaparecidos — disse Liz Sherwood-Randall aos repórteres.

Mais cedo, o presidente Joe Biden já tinha dito que, com o serviço de telefonia celular interrompido em grande parte da região, o número de desaparecidos poderia chegar a 600 pessoas, manifestando a esperança de que tenham sobrevivido à catástrofe.

— Se Deus quiser, estão vivas, mas não há como contatá-las — observou Biden.

O Helene começou como um furacão na Flórida e seguiu para o norte do país, em direção à Geórgia, Carolina do Norte e do Sul e Tennessee. A maioria das mortes foi confirmada nas Carolinas do Norte (47) e do Sul (30), onde o fenômeno chegou como uma tempestade tropical.

Equipes de socorro têm trabalhado incessantemente na Carolina do Norte, estado que se encontra sem energia e com serviços de telefonia móvel limitados, além de outros danos “significativos” às infraestruturas de abastecimento de águas e rotas essenciais, com árvores derrubadas.

O processo de recuperação deverá ser “complicado” em todos os estados afetados, afirmou Deanne Criswell, administradora da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), à CBS.

— Essa tempestade causou uma devastação catastrófica, de proporções históricas — disse o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, acrescentando que os socorristas foram obrigados a enviar suprimentos por via aérea em algumas regiões do estado.

O Helene atingiu a região de Big Bend, na Flórida, como um furacão de categoria 4 (em uma escala de 5) na noite de quinta-feira, com ventos de 225 km/h. Ao menos 11 pessoas morreram no estado.

De lá, ele chegou rapidamente à Geórgia, onde o governador Brian Kemp disse que casas foram destruídas e rodovias ficaram cobertas por destroços.

O total de mortes no estado chegou a 25. Enfraquecido e rebaixado à categoria de depressão tropical e ciclone pós-tropical, ele também atingiu as Carolinas (do Sul e do Norte) e o Tennessee com chuvas torrenciais.

Neste último, foram quatro mortes relatadas até então. Também foram relatadas duas mortes na Virgínia em decorrência das chuvas.

Depois de se formar no Golfo do México, Helene se deslocou sobre águas particularmente quentes. Os cientistas argumentam que as alterações climáticas provavelmente desempenham um papel na rápida intensificação dos furacões, pois estes se alimentam da maior energia que há nos oceanos mais quentes.

Impacto nas eleições
O furacão se tornou um tema importante na campanha eleitoral nesta segunda-feira, obrigando os democratas a repudiarem as acusações republicanas sobre a gestão da catástrofe.

Diante das duras críticas do candidato republicano Donald Trump, o governo do presidente Biden aprovou ajuda federal para vários estados após o desastre e prometeu, nesta segunda, que a assistência durará "todo o tempo que for necessário".

— Continuaremos enviando recursos, incluindo alimentos, água, comunicações e equipamentos salva-vidas — disse Biden nesta segunda-feira.

Biden também deverá visitar esta semana as áreas mais afetadas pela passagem do fenômeno, anunciou a Casa Branca.

No domingo, o democrata conversou com os governadores da Geórgia e Carolina do Norte e com a direção do Fema para "determinar o que mais pode ser feito".

A candidata democrata à Presidência, a vice-presidente Kamala Harris também anunciou planos para visitar as áreas, algumas delas em estados-pêndulo — que ora votam em democratas, ora em republicanos — para as eleições de novembro.

Por sua vez, Trump chegou nesta segunda-feira a Valdosta, na Geórgia, local mais castigado pela destruição causada pelas inundações, e prometeu "levar muito material de ajuda, incluindo combustível, equipamentos, água e outras coisas" aos necessitados. Sem apresentar provas, Trump afirmou que estava sendo negada ajuda a seus apoiadores do Partido Republicano.

— O governo federal não está respondendo — disse a jornalistas. — A vice-presidente está em algum lugar, fazendo campanha, buscando dinheiro.

A Casa Branca refutou as críticas de Trump de que Biden e Kamala não responderam ao desastre com rapidez suficiente. A vice-presidente estava em viagem de campanha na Califórnia durante o fim de semana, enquanto Biden estava em sua casa de praia em Delaware.

Inundações no Nepal deixam 209 mortos
No Nepal, as inundações e deslizamentos de terra provocados pelas chuvas torrenciais que têm afetado o país, em particular a capital Katmandu, deixaram pelo menos 209 mortos, anunciou nesta segunda-feira o Ministério do Interior.

Outras 127 pessoas ficaram feridas e 26 continuam desaparecidas, disse à AFP o porta-voz da pasta, Rishi Ram Tiwari. Mais de 4 mil pessoas foram resgatadas.

Com o tufão Yagi atingindo a Ásia, a tempestade Boris encharcando a Europa e inundações extremas no Sahel, setembro até agora tem sido um mês úmido em todo o mundo.

A temporada de monções, de junho a setembro, provoca mortes e danos no Sudeste Asiático todos os anos, mas o número de inundações e deslizamentos de terra aumentou nos últimos anos.