'Precisamos retirar os brasileiros que queiram sair', diz Amorim após invasão de Israel ao Líbano
Amorim liderou operação semelhante em 2006, na última guerra entre Israel e o Hezbollah
Conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, o assessor especial Celso Amorim afirmou que a guerra de Israel é contra o Líbano todo, e não apenas contra o Hezbollah. Amorim ressaltou que não há dúvidas no governo sobre a necessidade de retirada dos brasileiros na região e destacou, com base nas suas experiências anteriores, a complexidade da operação, apesar de não estar participando da logística da atual operação.
"Não há dúvida de que precisamos retirar os brasileiros que queiram sair. A guerra não é contra o Hezbollah, é contra o Líbano todo, então obviamente os brasileiros estão sendo atingidos" afirmou ao Globo nesta terça-feira (01°).
Lula já autorizou a operação de repatriação e a estimativa é que ao menos 240 brasileiros sejam retirados do Líbano no primeiro voo, sem data confirmada. De acordo com o chanceler Mauro Vieira, as prioridades serão idosos, mulheres, grávidas, crianças doentes e outros que mais precisarem.
Lula já autorizou operação semelhante em 2006, na última guerra entre Israel e o Hezbollah, quando a operação foi comandada por Amorim, à época chanceler do Brasil.
O ex-ministro ressaltou a complexidade da operação e lembrou que foi preciso mobilizar aviões de empresas áreas para conseguir retirar todos os brasileiros: 3 mil pessoas. A principal rota de evacuação de brasileiros usada na época, por Damasco, na Síria, está mais perigosa hoje por remanescentes do Estado Islâmico.
—Muitos brasileiros estão vivendo no vale do Bekaa. Pela minha experiência da outra guerra, a região é muito atingida — explicou Amorim.
O presidente já condenou os ataques de Israel contra o Líbano e afirmou que Israel está “atacando e matando pessoas inocentes” e que a guerra é a “prova da insanidade humana”.
— A guerra é a prova da incapacidade civilizatória de um cidadão que acha que pode, na explicação de ter que se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender — disse Lula em discurso no México.