Dirigente do Fed diz não estar confiante o suficiente para declarar vitória na inflação
Em Conferência de Perspectivas Econômicas realizada em Wilmington, Barkin afirmou que ainda há trabalho a ser feito na inflação
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, disse que continua difícil dizer que a batalha contra a inflação já foi vencida.
Para o dirigente, a decisão de setembro do Banco Central dos Estados Unidos - de corte de 50 pontos-base da taxa básica - foi uma recalibração para uma postura um pouco menos restritiva, mais condizente com o atual cenário da inflação e do mercado de trabalho.
Em Conferência de Perspectivas Econômicas realizada em Wilmington, Barkin afirmou que ainda há trabalho a ser feito na inflação.
"A inflação permanece acima de nossa meta de 2%. Não espero que a inflação básica de 12 meses caia muito mais até 2025, pois ainda estamos superando os números baixos de inflação do final do ano passado", disse ele. "Prever a inflação daqui para frente é desafiador", pontuou.
Demanda segue saudável e taxa de juros mais baixa pode dar impulso
Barkin disse que um risco para a inflação vem do mercado de trabalho, que parece saudável, ainda que as tendências mereçam atenção nos Estados Unidos.
"Os ganhos de empregos estão sendo continuamente revisados para baixo, e os setores (como assistência médica) que estão se recuperando da escassez da pandemia estão moderando seu crescimento. Na verdade, a taxa de contratação caiu para os níveis de 2013", afirmou.
Embora os empregadores não estejam contratando, eles também não estão demitindo: a taxa de demissões está perto das mínimas de 25 anos, citou Barkin.
No lado positivo, Barkin disse que fatores como imigração, aumento da participação da força de trabalho e produtividade, bem como influências globais como desinflação vinda da China e aumento da produção de energia ajudam no cenário de inflação.
Mas as pressões inflacionárias não desapareceram totalmente. O dirigente citou que ações sindicais recentes ou uma retração na oferta de mão de obra podem gerar salários mais altos. As tendências de custo de saúde podem aumentar ainda mais os prêmios.
"E a desglobalização pode aumentar os preços das importações". Para Barkin, o conflito no Oriente Médio pode piorar esse movimento de pressão nos preços de bens importados.