Suécia aponta possível papel do Irã em ataque contra embaixada de Israel
Ataques contra representações diplomáticas israelenses foram registradas em países nórdicos nos últimos dias
O serviço de inteligência da Suécia apontou nesta quinta-feira uma possível relação do Irã com uma série de ataques a representações diplomáticas de Israel nos países nórdicos registradas nos últimos dias. A polícia sueca abriu uma investigação após tiros serem disparados contra a embaixada do Estado judeu em Estocolmo na terça-feira, enquanto outros incidentes foram registrados na Dinamarca e em outras partes da Europa — indicando um crescimento do antissemitismo em meio a crise no Oriente Médio.
— Há algumas coisas que podem apontar nessa direção [envolvimento do Irã]. Em parte devido à escolha de alvos e modus operandi, mas isso é uma suposição e não conhecimento puro — disse Fredrik Hallstrom, chefe de operações da agência de inteligência Sapo, em uma entrevista coletiva após ser questionado sobre relatos de ligações iranianas aos ataques.
O ataque na capital sueca aconteceu no começo da noite de terça-feira. A polícia local foi mobilizada para atender a um chamado sobre disparos de arma de fogo contra a embaixada israelense. Autoridades confirmaram que o edifício foi alvejado, mas nenhuma pessoa ficou ferida.
— Fizemos descobertas que indicam disparos na embaixada de Israel, mas não queremos revelar exatamente quais descobertas foram feitas, pois há uma investigação em andamento — disse Rebecca Landberg, assessora de imprensa da polícia de Estocolmo, ao confirmar o incidente na terça.
Horas antes do ataque em Estocolmo, três cidadãos suecos foram presos em Copenhague, capital da Dinamarca, por um incidente envolvendo a detonação de granadas perto da principal representação diplomática de Israel no país. Os indivíduos do sexo masculino, entre 15 e 20 anos, foram presos por suposta relação com a detonação de duas granadas a 100 metros da embaixada.
Inicialmente, a polícia dinamarquesa afirmou que investigaria uma possível vinculação entre os dois casos, bem como a hipótese de uma participação do Irã, mas evitou conclusões imediatas.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, vários incidentes aparentemente visando alvos israelenses foram registrados na Suécia. Em fevereiro, a polícia encontrou uma granada no terreno do complexo da embaixada do Estado judeu, o que o embaixador disse ser uma tentativa de ataque.
Em meados de maio, tiros foram disparados do lado de fora da embaixada israelense, o que levou o país a aumentar as medidas de segurança em torno dos interesses israelenses e das instituições da comunidade judaica.
Os incidentes nos países nórdicos ocorreram enquanto as tensões no Oriente Médio estavam aumentando, com o Irã disparando uma salva de mísseis em território israelense e Israel prometendo fazer o Irã "pagar" pelo ataque.
Aumento do antissemitismo
Os ataques nos países nórdicos não são o único motivo de preocupação envolvendo a hostilidade contra o Estado judeu. Um relatório da associação judaica Community Security Trust publicado na quarta-feira apontou que os atos antissemitas triplicaram no Reino Unido durante o último ano, com mais de 5 mil incidentes registrados desde o ataque do Hamas. Os casos teriam sido registrados em escolas e locais de culto da comunidade judaica em território britânico.
"À medida que o conflito se intensifica, o ódio antissemita aumenta no Reino Unido. É o número mais alto já registrado em um período de doze meses", afirmou a CST em uma publicação na rede social X.
Pouco mais de 25% desses atos foram registrados no mês seguinte ao ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, quando combatentes do Hamas mataram 1,2 mil pessoas, em sua maioria civis.
Islamofobia em alta
O número de atos de ódio contra os muçulmanos também disparou no Reino Unido desde o ataque, destacou a organização antirracista Tell MAMA em fevereiro de 2024.
Segundo a organização, o número de denúncias de ameaças, ataques ou discursos de ódio aumentou 335% entre o ataque do Hamas e 7 de fevereiro de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando um número recorde de 2 mil incidentes em quatro meses.