ORIENTE MÉDIO

Biden diz que discute com Israel possíveis ataques contra instalações petrolíferas no Irã

Preço do petróleo disparou após comentário. O presidente também afirmou que nenhuma ofensiva vai ocorrer nesta quinta-feira e não deu detalhes sobre as sanções que os EUA estão considerando contra Teerã

O presidente dos EUA, Joe Biden - Andrew Caballero-Reynolds / AFP

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta quinta-feira que está "discutindo" com Israel possíveis ataques contra refinarias petrolíferas iranianas em retaliação aos ataques com mísseis de Teerã em território israelense. Um dia antes, o presidente afirmou ser contra um ataque a instalações nucleares do Irã, afirmando apenas que os israelenses devem reagir "de maneira proporcional", sem dar mais detalhes. O comentário do presidente americano ocorre enquanto novos ataques israelenses acontecem no Líbano, com novas ordens de retirada para mais de 20 cidades no sul do país.

"Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco... de qualquer forma", disse aos repórteres em entrevista coletiva, sem concluir a frase, antes de partir para a Flórida e Geórgia para ver os danos causados pelo furacão Helene no sudeste do país.

Os comentários de Biden rapidamente fizeram os preços do petróleo dispararem, segundo a imprensa internacional.

Quando lhe perguntaram se ele "permitiria" que Israel retaliasse contra o Irã, Biden foi enfático:

"Primeiro, não "permitimos" Israel. Aconselhamos Israel. E não vai acontecer nada hoje", respondeu.

Questionado sobre as sanções que os EUA estão considerando contra o Irã, Biden disse que "contará a eles [Teerã] antes" de contar à imprensa.

A missão do Irã nas Nações Unidas informou que o governo iraniano alertou os EUA de que retaliaria caso Israel respondesse ao ataque. As mensagens entre Teerã e Washington foram trocadas através da embaixada suíça em Teerã. "Nossa resposta será unicamente dirigida ao agressor", afirmou a missão. "Se qualquer país prestar assistência ao agressor, também será considerado cúmplice e um alvo legítimo."

Instalações nucleares
Na quarta-feira, Biden participou de uma reunião com os demais líderes do G7, formado por sete das mais desenvolvidas economias do planeta. Além da condenação aos ataques iranianos, o grupo discutiu como "coordenar uma resposta" ao ataque, incluindo novas sanções.

"A resposta é não", disse Biden a jornalistas quando questionado se apoiaria um ataque às instalações nucleares iranianas.

"Os sete [do G7] concordamos que eles têm o direito de responder, mas devem fazê-lo de maneira proporcional."

Também na véspera, falando a jornalistas, antes de embarcar na Base Aérea de Andrews, nos arredores de Washington, Biden afirmou que deve conversar com o premier israelense, Benjamin Netanyahu, "relativamente em breve" — a última conversa entre os dois ocorreu no dia 21 de agosto, já em meio a relações cada vez mais tensas entre Netanyahu e o presidente americano. Contudo, Biden afirmou que assessores e integrantes de seu governo estão em contato permanente com Israel e que "vão discutir o que eles [israelenses] farão".

Muito antes de os mísseis iranianos cruzarem os céus de Israel, Netanyahu via instalações nucleares, como a central de Natanz ou a usina de enriquecimento de combustível nuclear de Fordo, como alvos preferenciais de um hipotético ataque ao Irã. Para as lideranças israelenses, esses locais são pontos centrais de um suposto programa para o desenvolvimento de armas nucleares, o que o Irã nega.