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Depois de fazer upgrade do Brasil, Moody's sobe nota de empresas e bancos brasileiros

Agência de classificação de risco, que elevou na última terça a nota soberana do Brasil, revisou o nível de 23 instituições financeiras e de pelo menos oito empresas

Revisão do grau das empresas acontece dois dias depois da Moody's elevar a nota de crédito soberana do Brasil - Reprodução/X

A agência de classificação de rating Moody’s elevou a nota corporativa de diversas empresas brasileiras, além de 23 instituições financeiras do país.

A revisão do grau das empresas acontece dois dias depois da Moody’s elevar a nota de crédito soberana do Brasil, a deixando um nível abaixo do grau de investimento, perdido há quase uma década.

A instituição alterou a classificação de 12 bancos para Ba1, o atual grau soberano. Pelo menos oito empresas também tiveram seu rating elevado, como Vale, Gerdau, Ambev. A Moody's também reafirmou o grau de outras, como a Suzano. No caso da Petrobras, a perspectiva foi elevada à positiva.

O Santander Brasil foi uma das instituições que subiram para um grau acima do nível brasileiro, para Baa3, em grau de investimento. A instituição já estava no atual nível do rating soberano brasileiro, em Ba1, antes da alteração.

A Moody’s elencou a sustentação dos negócios e a afiliação à sede na Espanha (que possui classificação A2) como fatores para subir o grau.

A B3, a bolsa brasileira, também subiu para o nível Baa3, vindo de Ba1, com sua classificação de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira alterada para perspectiva positiva.

O Citibank do Brasil manteve o rating de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira em Baa3. A Moody’s também elencou a nota à associação com a sede americana do banco, que tem nível Aa3.

Para Ba1, a Moody’s elevou as seguintes instituições financeiras:

Banco do Brasil: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Itaú Unibanco: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva; o Itaú Unibanco Holding subiu de Ba3 para Ba2, sua classificação de emissor de longo prazo, com perspectiva positiva. A elevação desta, diz a Moody’s, veio de uma subordinação estrutural em relação à empresa operacional;

Bradesco: de Ba2 para Ba1,as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

BNDES: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

BNDESPar (subsidiária de participação acionária do BNDES): de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Caixa Econômica Federal: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Banco da Amazônia: de Ba2 para Ba1, as classificações de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Banco do Nordeste (BNB): de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

BTG Pactual: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Safra: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva;

Sicredi: de Ba2 para Ba1, a Classificação de Corporativa Familiar (CFR) de longo prazo e emissor em moeda local, com perspectiva positiva

Banco ABC: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva

Daycoval: de Ba2 para Ba1, as classificações de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva

Nu Financeira: de Ba2 para Ba1 das avaliações de crédito de base (BCA), com perspectiva estável

Nu Holdings: de Ba2 para Ba1 das avaliações de crédito de base (BCA), com perspectiva estável

Banco Modal: de Ba2 para Ba1, classificação de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, com perspectiva positiva

XP: de Ba2 para Ba1, a Classificação de Corporativa Familiar (CFR) e dívida sênior de longo prazo em moeda estrangeira, com perspectiva positiva

Duas instituições financeiras subiram para o nível Ba2:

Bocom BBM: de Baa3 para Baa2, teve sua classificação de risco de contraparte elevada; a perspectiva segue estável

Mizuho: de Baa3 para Baa2, teve sua classificação de risco de contraparte elevada; a perspectiva segue estável

Nas empresas brasileiras, a Moody’s elevou:

Para Baa2 (dois níveis acima do rating brasileiro), foram elevadas ou se mantiveram estáveis:

A Ambev: de Baa3 para Baa2, sua classificação de emissor, com perspectiva positiva, elencando que o upgrade pode vir com a elevação do rating brasileiro;

Gerdau: de Baa3 para Baa2, sua classificação de emissor, com perspectiva estável

Vale e Vale Overseas: foram elevadas para Baa2, ante Baa3, com perspectiva positiva

A Suzano foi reafirmada em Baa3, um nível acima do grau soberano. A empresa de papel e celulose manteve a perspectiva positiva.

Para Ba1 (o atual nível do país), foram elevadas ou se mantiveram estáveis:

Petrobras: manteve a nota em Ba1, mas alterada a perspectiva para positiva

Arcos Dorados Holdings: para Ba1, ante Ba2, com perspectiva estável

TAG: manteve estável em Ba1, com perspectiva positiva

Cemig: de Ba2 para Ba1, com alteração da perspectiva de estável para positiva;

A um passo do grau de investimento
A espécie de selo de bom pagador é referência para investidores. A agência também manteve, na última terça-feira, a perspectiva positiva para o país, justificou a melhora citando crescimento robusto e histórico de reformas, mas pondera que a credibilidade do arcabouço fiscal ainda é “moderada”, o que tem impacto no custo da dívida.

“Essa elevação reflete melhorias substanciais no crédito, que esperamos que continuem, incluindo um desempenho de crescimento mais robusto do que o avaliado anteriormente e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais que conferem resiliência ao perfil de crédito, embora a credibilidade do arcabouço fiscal do Brasil ainda seja moderada, como refletido no custo relativamente alto da dívida”, diz trecho do relatório.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou e aproveitou para defender a agenda da equipe econômica de reequilíbrio das contas públicas.