AVIAÇÃO

Companhia aérea usa tecnologia inspirada na pele de tubarão para reduzir gastos e emissão de CO2

A Latam está instalando o AeroShark, película que reduz atrito e promete economia de até 6.000 toneladas de CO2 por ano em Boeings 777

Latam - Divulgação

A aviação é responsável por cercar de 2 a 3% das emissões globais de CO2, e reduzir essa pegada se tornou crucial para as companhias aéreas enfrentarem as mudanças climáticas. Entre as iniciativas, já estão presentes no mercado os aviões com combustíveis sustentáveis de aviação, e nas pranchetas o desenvolvimento de aeronaves elétricas e híbridas. Agora, uma companhia brasileira entra para a pequena lista das que estão investindo em uma tecnologia inspirada na pele de tubarão.

A Latam anunciou o investimento no processo chamado AeroSHARK, que utiliza milhões de escamas que permitem reduzir a fricção da fuselagem e diminuir a emissão de CO enviada à atmosfera. Desenvolvida pela Lufthansa Technik e BASF, esse produto está sendo instalado em alguns aviões Boeing 777 do grupo, na expectativa de reduzir o consumo de combustível em aproximadamente 1% e reduzir a emissão de 6 mil toneladas de CO por ano.

Em dezembro de 2023, a Latam teve seu primeiro Boeing 777-300ER equipado com o revestimento de superfície biônica da Lufthansa Technik em São Paulo. Com os bons resultados, o grupo decidiu instalar esta tecnologia em mais quatro aviões.

Como funciona o AeroSHARK?
A tecnologia AeroSHARK se baseia nas escamas da pele dos tubarões, conhecidas como dentículos dérmicos, que otimizam o fluxo de água ao redor do corpo do peixe, reduzindo o arrasto. Agora, essa mesma lógica está sendo aplicada ao design de aeronaves, utilizando uma película com microestruturas que imitam essas escamas para melhorar a dinâmica do ar em torno das fuselagens e asas.

Essas microestruturas medem aproximadamente 50 micrômetros de altura, com o objetivo de reduzir o arrasto aerodinâmico e as turbulências, permitindo que as aeronaves consumam menos combustível durante os voos. Estima-se que a tecnologia possa gerar uma economia de 1 a 3% no consumo de combustível por viagem.

Desde sua implementação em 2021, o AeroSHARK foi adotado pela companhia aérea SWISS em sua frota de Boeing 777. A instalação da película é um processo considerado relativamente simples, focando nas áreas da fuselagem e asas onde a eficiência de voo é mais crítica. Essa abordagem deve facilitar a adoção da tecnologia e garante que as melhorias de desempenho possam ser rapidamente incorporadas nas frotas existentes.

Para a frota de Boeing 777-300ER do grupo Latam, a economia anual esperada é de cerca de 2.000 toneladas de querosene e uma redução aproximada de 6.000 toneladas de emissões de CO uma vez que todos os aviões estejam com a tecnologia, o que equivale aproximadamente a 28 voos programados de São Paulo a Miami em um Boeing 777.