ORIENTE MÉDIO

Chanceler do Irã declara apoio ao Hezbollah e a 'amigos' de Teerã durante viagem ao Líbano

Abbas Araghchi desembarcou em Beirute nesta sexta-feira, em primeira viagem ao país desde o começo da guerra com Israel

Abbas Araghchi, chanceler do Irã, em viagem ao Líbano - Fadel Itani/AFP

O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, prometeu apoio aos "amigos" de Teerã no Líbano nesta sexta-feira, ao desembarcar em Beirute para uma série de reuniões com autoridades do país. É a primeira vez que o chanceler vai à capital libanesa desde que a guerra entre Israel e Hezbollah se intensificou nas últimas semanas, em um momento que o Estado judeu calcula como retaliar o Irã pelo ataque com mísseis do começo da semana.

— Tenham certeza de que a República Islâmica do Irã está e estará firmemente ao lado dos amigos no Líbano — disse Araghchi em Beirute, acrescentando que Teerã apoia o Líbano, a população xiita do país e o Hezbollah. — Era necessário dizer isso pessoalmente.

A viagem do chefe diplomático iraniano ao país em guerra já havia sido anunciada ontem por veículos internacionais, em um momento em que Israel amplia a pressão militar sobre os inimigos regionais e realiza operações direcionadas contra lideranças dos movimentos do "Eixo da Resistência". Em uma semana de guerra no Líbano, as Forças Armadas de Israel conseguiram alcançar o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Ismail Haniyeh, chefe do Hamas, foi morto em um ataque em Teerã.

Na capital libanesa, Araghchi foi fotografado ao lado do primeiro-ministro Najib Mikati, que está sob forte pressão diante do conflito entre Israel e Hezbollah e os danos para o país. Oficialmente, o governo do Líbano não declarou guerra ao Estado judeu ou mobilizou o Exército do país em qualquer ação hostil, apesar das violações de soberania israelenses.

De acordo com a mídia estatal iraniana, Araghchi é acompanhado por parlamentares iranianos e o chefe da Crescente Vermelha no país. Na agenda, segundo a mesma fonte, estão incluídos encontros com "autoridades de alto-nível".

A notícia sobre a visita do chanceler a uma zona ativa de guerra levantou preocupações, em um momento em que Israel calcula uma resposta ao Irã pelo disparo de cerca de 200 mísseis contra seu território no começo da semana. Em outras ocasiões, o Exército israelense eliminou alvos iranianos em países da região, incluindo em bombardeios contra o Irã e contra a Síria.

Por outro lado, como o próprio chanceler declarou a repórteres no Líbano, o Irã tenta demonstrar aos seus aliados regionais que, apesar dos duros golpes que todos os integrantes do "Eixo da Resistência" estão sofrendo no campo militar — sobretudo aqueles no front —, Teerã permanece comprometido com o enfrentamento a Israel.

Em um raro discurso público enquanto conduzia as preces em uma mesquita da capital iraniana nesta terça-feira, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei prometeu que o Irã e seus aliados continuariam a lutar contra o Estado judeu, conclamando uma união das nações islâmicas e enaltecendo o "martírio" dos que estão na linha de frente. Especificamente sobre o Hezbollah, que sofreu duros golpes nas últimas semanas, Khamenei disse que o grupo está "prestando um serviço à região".

O chanceler do Irã, Abbas Araghchi, ao lado do premier do Líbano, Najib Mikati, em Beirute | foto: Fadel Itani/AFP