Guerra

ONU chama de "ataque aéreo ilegal" bombardeio israelense que deixou 18 mortos na Cisjordânia

Alto Comissariado para os Direitos Humanos disse que a ação integra um 'padrão muito preocupante' no território palestino; Israel afirma que ação "evitou" atentado do Hamas

Pessoas observam destroços em local de ataque aéreo de Israel em Tulkarem, na Cisjordânia - Jaafar Ashtiyeh/AFP

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos condenou um bombardeio israelense que deixou 18 mortos no campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia, na quinta-feira, classificando a ação como “ilegal”. Segundo Israel, o ataque tinha como alvo um comandante do Hamas que planejava um atentado “iminente” no país.

“O bombardeio faz parte de um padrão muito preocupante de uso ilegal da força pelas forças israelenses na Cisjordânia, que causou danos generalizados aos palestinos e deterioração significativa de edifícios e infraestruturas”, afirmou, em, comunicado, o Alto Comissariado.

“[O ataque]“é mais um exemplo claro do uso sistemático de força letal pelas forças de segurança israelenses na Cisjordânia, muitas vezes desnecessária, desproporcional e, portanto, ilegal.

Na noite de quinta-feira, Israel bombardeou um prédio no campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia, e deixou 18 mortos, incluindo, de acordo com o Exército, o comandante do Hamas na região, Zahi Yaser Abd al-Razeq Ufial, além de ao menos sete integrantes do grupo terrorista. Testemunhas afirmam que havia “partes de corpos” nas ruas, e que entre os mortos havia integrantes de uma mesma família. Segundo a Autoridade Nacional Palestina, esse foi o ataque mais letal na Cisjordânia em 24 anos.

Para a ONU, a destruição “de um edifício cheio de pessoas por bombardeamentos aéreos demonstra um flagrante desrespeito pelas obrigações de Israel”, concluiu o comunicado.

Israel justificou a ação afirmando que al-Razeq planejava um “atentado terrorista iminente” contra cidades israelenses — citando fontes militares, o jornal Times of Israel afirma que a ação poderia acontecer no dia 7 de outubro, aniversário dos ataques do Hamas que deixaram quase 1,2 mil mortos no país e que desencadearam a guerra em Gaza. Segundo os militares, al-Razeq era uma “bomba relógio” prestes a ser detonada.

Em paralelo aos confrontos na Faixa de Gaza, a Cisjordânia também viu um aumento exponencial da violência desde outubro do ano passado, com operações militares recorrentes e ataques de grupos paramilitares ligados a colonos judeus. Com integrantes do Gabinete do premier, Benjamin Netanyahu, abertamente favoráveis à expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia — ilegais pela lei internacional —, algumas milícias chegam a receber apoio das forças de segurança, e também apoiaram o estabecimento de novas colônias.

Segundo números das autoridades locais, mais de 700 civis palestinos morreram nos últimos 12 meses, e milhares foram detidos. Para tentar pressionar o governo israelense a controlar a situação, os EUA e países aliados adotaram uma série de sanções contra colonos e pessoas ligadas aos ataques, mas as medidas são consideradas inócuas, e foram rejeitadas por Netanyahu e seus ministros.