Drogas

Uso de crack a céu aberto dispara em áreas turísticas de Lisboa e preocupa moradores

População relata tráfico e consumo de drogas em ruas movimentadas, além do aumento da violência e a degradação da saúde pública

População relata tráfico e consumo de substâncias como crack em ruas movimentadas - Reprodução/Instagram/YouTube

O aumento de uso de drogas - sobretudo crack - em áreas movimentadas da capital de Portugal tem sido alvo de preocupação para moradores, comerciantes e visitantes que frequentam Lisboa. Segundo a imprensa local, a situação aumenta a insegurança, a violência e a insalubridade da região.

O consumo e o tráfico é feito a céu aberto, em meio a ruas movimentadas e em frente a residências particulares.

No início deste ano, entidades comerciais, moradores e grupos civis assinaram uma carta aberta às autoridades portuguesas, em que denunciam a situação como um problema de polícia e de saúde pública.

"No espaço público acumulam-se seringas e outros materiais descartáveis associados ao consumo de substâncias psicoativas, colocando em risco a saúde pública, seja dos próprios consumidores, como de todas as pessoas que desenvolvem o seu quotidiano nestes espaço. Ao demais, assiste-se, sobretudo, ao aumento de pessoas em grande sofrimento humano e vulnerabilidade.”

Uma reportagem da CNN Portugal, em abril, mostrou o aumento de pessoas em situação de rua na região, que se abrigam em tendas e barracas. Muitos deles se encontram nesta realidade como consequência do vício.

Os moradores da região queixam-se de assaltos frequentes, tentativas de invasão e violência nas ruas. Também há relatos de usuários de drogas que ficam em portas de casas, atrapalhando a passagem de moradores.

A reportagem afirma que o consumo aumentou, principalmente, entre imigrantes. Expostos a situações degradantes e falta de trabalho, este grupo representa uma parcela significativa das pessoas em situação de rua em Lisboa.

Mesmo com denúncias públicas, o governo e outras entidades públicas são acusadas de descaso. Ao Diário de Notícias, o presidente do ICAD (Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências), João Goulão, afirmou que partilha das preocupações expressas na carta aberta.

Goulão destacou a situação do bairro Casal Ventoso, que, segundo ele, era "o maior supermercado de droga da Europa" nos anos 90, e que "movimentavam-se, por ali, cerca de cinco mil pessoas por dia".

"Há ali, novamente, uma concentração importante ao nível do tráfico de droga. Os consumidores estão a céu aberto. É preciso que voltemos a ter possibilidade de oferecer a todos aqueles que se querem tratar, a possibilidade de o fazerem", denunciou.

Desde 2001, Portugal é considerado uma referência no assunto, ao descriminalizar não apenas a maconha, como todas as drogas, incluindo cocaína e heroína, em meio a uma política de redução de danos que envolveu programas para o tratamento de dependentes químicos.