ELEIÇÕES AMERICANAS

Biden diz não saber se eleições americanas serão pacíficas

Faltando um mês para as votações presidenciais, a tensão aumenta

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - Andrew Caballero-Reynolds / AFP

O presidente Joe Biden teme que as eleições americanas não sejam "pacíficas" devido aos comentários do candidato republicano, Donald Trump, que aqueceu ainda mais a campanha ao dizer que Israel deveria "atingir" as instalações nucleares iranianas.

Faltando um mês para as votações presidenciais, a tensão aumenta.

"Tenho confiança de que serão livres e justas", mas "não sei se serão pacíficas", declarou Biden nesta sexta-feira (4). "As coisas que Trump já disse, e o que ele falou da última vez, quando não gostou do resultado das eleições, foram muito perigosas", alertou.

"Sendo assim, me preocupa o que eles vão fazer", declarou Biden a jornalistas na Casa Branca.


'Retórica'
As eleições de 5 de novembro entre a vice-presidente democrata, Kamala Harris, e o ex-presidente Trump prometem ser acirradas e mantêm os americanos em suspense.

As seções eleitorais nos condados mais disputados foram transformadas em fortalezas, protegidas por grades de ferro e detectores de metal.

A certificação dos resultados das eleições presidenciais no Capitólio, cenário de um ataque de simpatizantes de Trump em 6 de janeiro de 2021, ocorrerá com medidas de segurança draconianas.

Se o resultado for tão apertado como se acredita, pode levar dias, e não horas, para que se conheça o vencedor.

Donald Trump jamais admitiu sua derrota em 2020 e, em seus comícios, não deixa de acusar os democratas de "fazer trapaças".

O candidato republicano também atribuiu a segunda tentativa de assassinato contra ele à "retórica" de seus adversários.

Os democratas acusam Trump de ser o instigador de um ambiente político às vezes irrespirável.


Trump volta a Butler
No sábado, o republicano de 78 anos voltará ao cenário da primeira tentativa de assassinato na qual ficou ferido em uma orelha por tiros disparados por um homem de um telhado durante um comício: a cidade de Butler, na Pensilvânia.

Ele fará de novo um comício nessa localidade. Além disso, sua equipe de campanha anunciou um convidado ilustre: Elon Musk, o homem mais rico do mundo e proprietário da rede social X e das empresas Tesla e SpaceX.

Trump passou hoje pela Geórgia, estado atingido pelo furacão Helene, que causou mais de 200 mortes nos Estados Unidos. Ele classificou a gestão da crise pela Casa Branca como "terrível" não perdeu a oportunidade de criticar a imigração ilegal.

Segundo ele, o dinheiro dos cofres públicos "tem ido para as pessoas que entraram no país ilegalmente".

Horas depois, em um ato de campanha com simpatizantes na Carolina do Norte na sexta-feira, Trump criticou Biden por ter dito, na quarta-feira, que se opõe a um ataque israelense às instalações nucleares iranianas, um dia depois de o Irã ter lançado quase 200 mísseis contra Israel.

"Eles lhe perguntaram: 'O que você acha do Irã? Você atacaria o Irã?' E ele disse: 'Contanto que eles não ataquem o nuclear.' Mas é isso que você deve atacar, certo? E eu disse que ele havia se equivocado... Não é isso que deveria ser atacado? É o maior risco que temos, armas nucleares", afirmou o magnata de 78 anos.

"Quando lhe fizeram essa pergunta, a resposta deveria ter sido atingir o nuclear primeiro, e se preocupar com o resto depois", acrescentou.

Kamala Harris participou de um comício em Flint, cidade de Michigan, um estado-pêndulo (sem tendência política definida) na região dos Grandes Lagos e símbolo do declínio industrial dos Estados Unidos.

"Investiremos nas indústrias que construíram os Estados Unidos, como o aço, o ferro e a grande indústria automobilística americana" para que sejam "os Estados Unidos e não a China a ganhar a competição do século XXI", disse.

"Donald Trump faz grandes promessas e sempre as descumpre", afirmou a respeito de seu adversário, a quem descreveu como "um homem pouco sério".

A candidata democrata iniciou sua viagem na grande cidade de Detroit, berço da indústria automobilística americana, onde quer fortalecer sua imagem de candidata pró-sindicatos.

Os operários costumavam votar nos democratas, mas Trump conseguiu o apoio de muitos deles desde que entrou na política em 2015. Para tentar frear essa migração de votos, Kamala contará com o apoio de Barack Obama.

Ainda bastante popular, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos visitará diversos estados-pêndulo na véspera da votação de 5 de novembro, anunciou nesta sexta a equipe de campanha da vice-presidente.

Nesta sexta, a democrata se reuniu com líderes das comunidades árabe e muçulmana, entre os quais há muitos insatisfeitos pelo apoio inabalável de Joe Biden a Israel.