LUTO

Morre aos 94 anos a presidente da Câmara dos Deputados do México

Com a saúde muito debilitada, Martínez mal pôde passar a faixa das mãos do presidente demissionário Andrés Manuel López Obrador para as de Sheinbaum

Presidente da Câmara dos Deputados do México, Ifigenia Martínez - Alfredo Estrella/AFP

A presidente da Câmara dos Deputados do México, Ifigenia Martínez, símbolo da esquerda e do feminismo, morreu aos 94 anos, quatro dias depois de conduzir a histórica posse de Claudia Sheinbaum como primeira mulher presidente do país, anunciou no sábado (5) a mandatária.

"Em 1º de outubro, recebi a faixa presidencial de suas mãos. Hoje nos deixou. Envio a família, companheiros e amigos todo o meu carinho e solidariedade", escreveu Sheinbaum na rede social X no sábado à noite, junto com uma foto de sua posse na terça-feira.

Com a saúde muito debilitada, Martínez mal pôde passar a faixa das mãos do presidente demissionário Andrés Manuel López Obrador para as de Sheinbaum.

"Entregar a faixa presidencial à primeira presidente é uma das maiores honras da minha vida", escreveu Martínez no X na sexta-feira.

"A chegada à Presidência da Dra. Claudia Sheinbaum é o ponto culminante de uma luta que atravessou gerações inteiras de mulheres que, com coragem, desafiamos os limites de nossos tempos", acrescentou.

A nova presidente, de 62 anos, definiu Martínez como uma "mulher consequente e de convicções".

História
Nascida em 16 de junho de 1930, Martínez foi uma das fundadoras do Partido da Revolução Democrática (PRD) na década de 1980.

"Ifigenia Martínez foi a primeira mexicana a concluir mestrado e doutorado em economia em Harvard", segundo o site de notícias El Financiero.

Participou do movimento estudantil de 1968, cuja violenta repressão foi condenada pela atual presidente no dia seguinte à posse.

Sheinbaum, que governará o país por seis anos, anunciou na quinta-feira reformas constitucionais para fortalecer os direitos das mulheres.

Cientista de renome e ex-prefeita da Cidade do México, a presidente venceu as eleições em junho com quase 60% dos votos como candidata do partido governante de esquerda Movimento pela Regeneração Nacional (Morena) e seus aliados.

Os cerca de 36 milhões de eleitores que votaram em Sheinbaum lhe deram o maior apoio eleitoral obtido por um chefe de Estado no México. Ela se beneficiou da enorme popularidade de seu antecessor, López Obrador.

Contudo, terá como principal desafio enfrentar o flagelo da violência do narcotráfico.