ELEIÇÕES 2024

Reeleito em Maceió, JHC vê força de Bolsonaro e diz que cidade será "ressonância da direita no NE"

JHC foi o único candidato do bolsonarismo a vencer no Nordeste nas últimas duas eleições

JHC (PL) teve 83,25% dos votos válidos - Prefeitura de Maceió/Divulgação

Reeleito prefeito de Maceió com 83,26% dos votos, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, credita o resultado na capital de Alagoas ao sucesso da sua primeira gestão, que para ele foi capaz de atrair eleitores de todos os espectros políticos.

Correligionário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), JHC diz ao Globo que outros resultados do PL pelo Brasil mostram que o ex-mandatário ainda tem força política para eleger aliados e se coloca à disposição do partido para ajudar nas campanhas para o segundo turno.

Único candidato do bolsonarismo a vencer no nordeste nas últimas duas eleições, ele deseja que a cidade seja "um ponto de ressonância para a direita da região".

— A reeleição é resultado de um trabalho construído ao longo de quatro anos. A população fez uma avaliação da gestão de Maceió e tivemos o voto de todos os espectros políticos. Acredito que temos uma sinalização para o nordeste, torço para que Maceió seja um ponto de ressonância da direita no nordeste — afirma.

Com apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e do ex-presidente Jair Bolsonaro, JHC derrotou o candidato apadrinhado pelo senador Renan Calheiros (MDB) e apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Brito (MDB). Apesar dos embates durante o primeiro turno, ele garante que manterá relações republicanas com o grupo político adversário, que conta com o governador do Estado, Paulo Dantas (MDB), e se coloca à disposição do PL para ajudar Bolsonaro em atividades de campanha.

— O grupo de Renan tentou serpentear, mas Maceió deu um recado muito claro do que quer, contra este projeto hegemônico. Encontramos Maceió quebrada e hoje investimos 18% da receita líquida. Além disso, pudemos ver nesta eleição a inegável força política do Bolsonaro. Os números mostram isso. O Brasil vive uma polarização e estes resultados são significativos. Estarei à disposição do PL no segundo turno — diz. 

JHC é formado em Direito e foi o candidato a deputado federal mais votado do estado em 2014. Nas eleições de 2018, ele foi o parlamentar mais bem votado do Brasil proporcionalmente. Em 2022, se filiou ao PL de Jair Bolsonaro.

Durante a campanha, JHC rejeitou participar de debates e sabatinas. Sem se expor às críticas dos adversários e com a máquina nas mãos, o candidato de Lira e Bolsonaro recorreu às redes sociais como principal ferramenta de campanha.

Confiante na vitória antes mesmo da campanha começar, JHC se deu ao luxo de abrir mão de uma indicação de Arthur Lira para seu vice. De olho em 2026, quando pode se lançar ao governo, JHC escolheu o senador Rodrigo Cunha (Podemos) para ser seu companheiro de chapa, na expectativa de eventualmente deixar a prefeitura nas mãos do aliado. A manobra ainda pode levar Eudócia Caldas, mãe de JHC, ao Senado, já que ela é suplente de Rodrigo Cunha.

A disputa colocou frente a frente os dois nomes mais influentes da política de Alagoas, Lira e Renan. Como pano de fundo para o embate, esteve a disputa para 2026, quando os dois devem disputar vagas para o Senado. Tanto Lira quanto Renan têm o objetivo comum de ampliar o número de municípios alagoanos nas mãos de aliados, expandindo as bases eleitorais. A capital Maceió é considerada “estratégica” para os planos de ambos. Mesmo deixando Lira de lado na composição da chapa, JHC manteve o apoio durante a disputa.

Sem querer entrar no jogo de Rafael Brito, que buscava a nacionalização da campanha com Lula na manga, JHC reafirmava durante a campanha que o debate eleitoral é sobre a prefeitura, se recusando a falar sobre a polarização nacional, mesmo que para ressaltar o apoio do ex-titular do Planalto.