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Rússia condena americano de 72 anos por lutar pela Ucrânia na guerra; entenda

Stephen James Hubbard recebeu uma pena de 6 anos e 10 meses de prisão

Stephen James Hubbard durante julgamento - Divulgação/Tribunal de Moscou

O Tribunal de Justiça de Moscou, na Rússia, condenou, nesta segunda-feira, Stephen James Hubbard, de 72 anos, por "atuar como mercenário" na Ucrânia durante a guerra. Com uma pena de 6 anos e 10 meses de prisão, Hubbard entrou para a lista de americanos que cumprem pena na Rússia.

Em um comunicado, o tribunal afirmou que o homem, natural de Big Rapids, no Michigan, se alistou em uma unidade de defesa territorial na cidade ucraniana de Izium, durante as primeiras semanas da invasão russa à Ucrânia, em 2022. Ainda segundo o tribunal, Hubbard recebia um salário mensal de US$ 1.000 (R$ 5 mil).

Agências de notícias estatais russas relataram, na semana passada, que Hubbard se declarou culpado da acusação. Os veículos também relataram, citando promotores russos, que ele foi detido após a captura de Izium pelas forças russas, em abril de 2022, e que ele havia recebido treinamento e munição para lutar pela Ucrânia.

A irmã de Hubbard, Trisha Hubbard Fox, negou as alegações russas, afirmando que seu irmão “nunca foi mercenário” e que estava ensinando inglês no exterior. Em uma publicação no Facebook, Hubbard Fox disse que a Rússia “sequestrou” seu irmão.

"O exército ucraniano não aceita" voluntários com mais de 60 anos, escreveu Hubbard Fox, em um post no Facebook. “A Rússia sabe disso, mas para salvar a face pelo sequestro, espancamento e manutenção do meu irmão durante todo esse tempo, seus tribunais estão acusando Stephen de qualquer forma.”

Ocupação russa
As forças russas ocuparam Izium, onde Hubbard vivia antes de ser detido, em abril de 2022. As tropas russas se retiraram da cidade, um importante centro logístico na região de Kharkiv, na Ucrânia, em setembro daquele ano, após uma contraofensiva ucraniana.

Em maio de 2022, Hubbard apareceu em uma entrevista por vídeo no Telegram, um aplicativo de mensagens, na qual afirmou que vivia em Izium desde 2014 com sua esposa Inna. Na entrevista, ele disse que não prestava muita atenção à política ucraniana e "vivia feliz com sua esposa".

Em um vídeo do tribunal, publicado pela Astra, um veículo de notícias russo, Hubbard parecia frágil, mal conseguindo se levantar na cela de vidro do tribunal, enquanto a juíza lia sua sentença.

O advogado de Hubbard disse à Tass, uma agência de notícias estatal russa, que Hubbard planejava apelar da sentença. O exército ucraniano, por sua vez, não comentou se o homem havia lutado. Além disso, não há informações do motivo pelo qual houve uma demora de mais de dois anos para o julgamento, já que ele foi detido em abril de 2022.

Relação entre Rússia e EUA
À medida que as relações entre Moscou e Washington despencaram nos últimos anos para níveis nunca vistos desde o fim da Guerra Fria, o governo russo passou a ver cidadãos americanos como potenciais ativos que poderiam ser usados como moeda de troca.

Mais de uma dúzia de americanos foram detidos na Rússia na última década e receberam sentenças duras por acusações politicamente motivadas pelos Estados Unidos e grupos de direitos humanos.

Algumas detenções resultaram em trocas de prisioneiros, com a Rússia recebendo de volta alguns de seus cidadãos mantidos em prisões dos EUA e de outros países ocidentais. Em 1º de agosto, a Rússia e os países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, realizaram a troca de prisioneiros mais abrangente desde o fim da Guerra Fria.

A Rússia e a Bielorrússia libertaram 16 pessoas, incluindo Evan Gershkovich, repórter do The Wall Street Journal, enquanto os países ocidentais libertaram espiões, assassinos e cibercriminosos russos.

Pelo menos 10 cidadãos americanos ainda estão presos na Rússia, incluindo Marc Fogel, um professor de história que trabalhou por quase uma década na escola Anglo-Americana, em Moscou.

Em 2021, ao tentar entrar na Rússia, Fogel foi preso e acusado de contrabando de drogas após uma pequena quantidade de maconha medicinal ser encontrada em sua bagagem. Seus parentes afirmam que a substância era usada para tratar dores severas.

Em uma decisão separada também nesta segunda-feira, um tribunal na cidade russa de Voronezh condenou outro americano, Robert Gilman, a 7 anos e 1 mês em uma colônia penal de segurança máxima por agredir um oficial da prisão, um investigador do estado e outro funcionário estatal enquanto cumpria pena por uma condenação anterior de agressão.

Gilman, um ex-fuzileiro naval de 30 anos, disse à RIA Novosti, uma agência estatal russa, que queria participar de uma troca de prisioneiros.