Poema inédito de Jorge Amado escrito no exílio será leiloado em Montevidéu
Lances para arrematar "ABC de Sebastopol" começam em US$ 1,8 mil; versos foram compostos em 1942
Um poema inédito de Jorge Amado (1912-2001) será leiloado nesta sexta-feira (11) em Montevidéu pela casa Zorrilla, da capital uruguaia, em parceria com a Hilario, de Buenos Aires. Segundo o catálogo do leilão, obtido pelo Globo, o poema “ABC de Sebastopol” foi datilografado e assinado pelo autor em 22 de julho de 1942.
A autenticidade e o ineditismo foram confirmados pela Fundação Casa de Jorge Amado. O poema acompanha uma fotografia do escritor com uma dedicatória no verso: “Para Rosa não acreditar que só faço brutalidades, esse retrato muito melhorado do Feio”.
Perseguido por sua militância comunista durante o Estado Novo, o autor de “Capitães da areia” viveu exilado na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942. O escritor passou por Buenos Aires e Montevidéu e pelas cidades uruguaias de Treinta y Tres e Piriápolis.
Na capital uruguaia, hospedava-se num hotel na Cidade Velha com um nome falso: Dante, homenagem a Dante Alighieri, autor da “Divina comédia”. “Boas livrarias as de Montevidéu”, chegou afirmar.
De acordo com o catálogo do leilão, Jorge escreveu os versos “emocionado pelos sucessos vividos naquele porto da Crimeia, que então integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no Mar Negro, vítima das forças alemãs em plena Segunda Guerra Mundial”. “Ao seu estilo, resgata as características sociais da Rússia de então”, afirma o texto.
Roberto Vega, da Hilario, disse ao Globo que o poema permanecerá inédito até que seu eventual comprador decida divulgá-lo.
— Não queremos acabar com a magia que tem toda obra inédita.
O leilão começa às 15h desta sexta, de forma presencial e online (pelas plataformas Invaluable e Drouot). Os lances pelo poema do brasileiro começam em US$ 1,8 mil.
Estão à venda mais de 270 lotes de documentos, livros e obras de arte, como contos e poemas inéditos do escritor argentino Julio Cortázar, versos manuscritos do uruguaio Mario Benedetti, uma edição de 1820 de “Travels in Brazil in 1815, 1816 e 1817” (relato de viagem de um cientista inglês), uma edição de 1822 de “O Uruguai” (poema épico de Basílio da Gama) e arquivos do engenheiro militar Jerônimo Rodrigues de Moraes sobre a Guerra do Paraguai, datados de 1868 e 1869.